Inflação dos EUA acima de 3% desafia o Fed, diz Janus Henderson

Gráfico mostrando alta da inflação nos EUA.

Imagem meramente ilustrativa.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA em agosto registrou 0,35%, elevando a inflação para acima de 3% em 12 meses, o que ocorreu pela primeira vez no ano. Este aumento, somado à deterioração do mercado de trabalho, coloca o Federal Reserve (Fed) em uma situação delicada. A análise é de John Kerschner, chefe de produtos securitizados dos EUA e gerente de portfólio da Janus Henderson.

Dilema do Fed: Combate à inflação ou estímulo ao emprego?

Segundo Kerschner, o presidente do Fed, Jerome Powell, pode ter que escolher entre controlar a inflação e estabilizar a geração de empregos, possivelmente abrindo mão de um dos mandatos para reduzir as taxas de juros. No entanto, o conflito entre o CPI e o aumento nos pedidos de seguro-desemprego causou uma leve alta nos títulos da dívida dos EUA.

O Fed agora se colocou claramente em um beco sem saída. O presidente Powell promete combater o cada vez mais óbvio enfraquecimento do mercado de trabalho com cortes de juros, ao mesmo tempo em que ignora a outra metade do seu duplo mandato — preços estáveis, ou, mais especificamente, inflação de 2%.

— John Kerschner, chefe de produtos securitizados dos EUA e gerente de portfólio da Janus Henderson

Análise Detalhada do CPI e Implicações

O núcleo do CPI ficou em 0,346%, ou 3,11% em 12 meses, enquanto o CPI total foi de 0,382%, ou 2,94% anualizado. Os pedidos iniciais de seguro-desemprego (Initial Jobless Claims – IJC) vieram em 263 mil, acima dos 235 mil esperados.

Além disso, o núcleo do CPI mal apresentou melhora no último ano e agora está novamente acima de 3%. Kerschner destaca que os números anualizados nos últimos três meses se aproximam de 4%, indicando uma tendência de alta. Mesmo o aluguel equivalente ao proprietário (OER), que vinha desacelerando, apresentou um aumento maior do que o esperado, registrando 0,381% ou 4,0% anualizado.

Perspectivas para o Futuro e a Meta de Inflação

O núcleo do CPI está consistentemente acima da meta de 2% do Fed há 4 anos e meio, com uma tendência de alta. Kerschner não acredita que a meta de 2% será alcançada nos próximos anos, a menos que ocorra uma recessão.

Embora o PCE seja a medida de inflação preferida do Fed, muitos fatores do CPI devem impactar os números do PCE, que também pode atingir 3,0% ou mais no final do mês. Esse seria o primeiro resultado com um “3” à frente em 17 meses, desde março de 2024.

Reação do Mercado e Expectativas Futuras

Normalmente, um CPI maior do que o esperado provocaria uma venda no mercado de títulos. No entanto, devido ao número de pedidos de seguro-desemprego pior do que o esperado, o mercado está focado nesse dado e reagindo com uma leve alta. A curva de rendimentos continua se inclinando, com os mercados antecipando um corte de juros pelo Fed na próxima semana, mantendo-se atentos ao cenário inflacionário preocupante.


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