Cibersegurança: Itaipu e Exército simulam ataques em Brasília

Simulação de ataque cibernético em Brasília.

Imagem meramente ilustrativa.

Em um mundo cada vez mais digitalizado, a segurança cibernética tornou-se essencial para a proteção de nações. No Brasil, a atenção se volta para a defesa das infraestruturas críticas – sistemas e serviços cuja interrupção ou falha teria um grande impacto na vida cotidiana.

Exercício Guardião Cibernético 7.0

O Exercício Guardião Cibernético 7.0 (EGC), o maior evento de segurança cibernética da América Latina, reuniu 169 organizações e cerca de 750 profissionais de 20 países. O evento ocorreu simultaneamente na Escola Superior de Defesa (ESD), em Brasília, e no Comando Militar do Norte, em Belém, entre os dias 15 e 19 de setembro.

O objetivo principal foi simular ataques cibernéticos contra setores cruciais como energia, água, telecomunicações, transporte, financeiro e o setor nuclear. Assim, foi possível testar e melhorar a capacidade de resposta e a resiliência dos sistemas de segurança de organizações públicas e privadas, além de fortalecer a integração entre as instituições parceiras.

Esse evento destaca a importância da cibersegurança e a necessidade de simulação de ataques cibernéticos para identificação de vulnerabilidades e, consequentemente, a maximização da capacidade de resposta e melhoria dos pontos frágeis. Além disso, mostra a integração entre as entidades. A parceria entre o Exército Brasileiro, o Itaipu Parquetec e a Itaipu Binacional demonstra o compromisso em fortalecer a segurança cibernética no país.

— Alexandre Leite, diretor técnico do Itaipu Parquetec

Simulação de ataques em redes de automação

Este ano, o Itaipu Parquetec coordenou os exercícios ligados às redes de automação de organizações que fornecem água à população. Segundo Elson Costa Gomes, engenheiro eletricista do Centro de Segurança Cibernética do Itaipu Parquetec, foi criado um cenário virtual para diversas áreas de infraestruturas críticas.

Nesse contexto, foram preparados e realizados ataques cibernéticos ao cenário de tratamento e fornecimento de água. Os responsáveis por esses setores puderam testar suas defesas contra possíveis ameaças, em um ambiente simulado de guerra cibernética.

O exercício agregou à minha experiência profissional uma visão estratégica da defesa cibernética em cenários complexos, reforçando competências como trabalho em equipe sob pressão, disciplina operacional, análise de ameaças avançadas e tomada de decisão em situações críticas. Essa vivência ampliou minha capacidade de integrar práticas de segurança ofensiva e defensiva, elevando o nível de maturidade na proteção de infraestruturas críticas.

— Adilson Carvalhosa, representante do Grupo Águas do Brasil

A importância da proteção de infraestruturas críticas

A paralisação de uma infraestrutura crítica pode ter consequências graves. A falta de energia, por exemplo, pode interromper o funcionamento de hospitais e transportes públicos. Já a escassez de água afetaria a saúde pública e poderia gerar revolta social.

Gomes complementa que muitos sistemas estão conectados e expostos a riscos. Por isso, é fundamental entender como os ataques ocorrem para melhorar as defesas.

Competências em proteção cibernética

De acordo com o Major Toni, responsável pelo evento, foram desenvolvidas duas competências principais em proteção cibernética: busca avançada de ameaças cibernéticas e forense computacional. O objetivo é amadurecer a detecção e análise de ações maliciosas nas redes.

Além disso, o Itaipu Parquetec foi fundamental no desenvolvimento das simulações para o exercício. Isso permitiu que as equipes de proteção treinassem em um ambiente realista e crítico, como o setor de energia, onde a segurança cibernética é crucial para evitar impactos na sociedade.

Analogia com a segurança de um celular

Para ilustrar a gravidade da situação, o gerente de cibersegurança do Itaipu Parquetec, Rolf Massao Satake Gugisch, comparou a situação com a segurança de um celular. Assim como um smartphone pode ser invadido por vulnerabilidades desconhecidas, infraestruturas inteiras podem ser comprometidas.

A descoberta de uma falha em um sistema de transmissão bancária, por exemplo, poderia permitir a realização de transações milionárias fraudulentas. A mensagem é clara: tudo está conectado à internet, e todos os dados e informações estão expostos. O objetivo não é apenas entender quando os ataques acontecem, mas como eles ocorrem, para que as defesas possam ser aprimoradas.

Nosso papel é fundamental no cenário de cibersegurança. Desde 2012, o Itaipu Parquetec atua, por meio de convênios com a Itaipu Binacional e o Exército Brasileiro, desenvolvendo simulações de ataques para fortalecer a segurança de infraestruturas estratégicas. Atualmente somos referência em pesquisa, desenvolvimento e inovação em cibersegurança no Brasil.

— Rolf Massao Satake Gugisch, gerente de cibersegurança do Itaipu Parquetec

Preparação para a COP30

Nesta edição, o exercício contou com um hub em Belém, como ação preparatória para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025 (COP30). A iniciativa reforça a importância de proteger os sistemas digitais e de informação que darão suporte a um dos maiores eventos internacionais já sediados no Brasil.

Dessa forma, o EGC 7.0 se consolida como uma importante ferramenta para a proteção das infraestruturas críticas nacionais. Ele reúne representantes das áreas prioritárias em um esforço conjunto para enfrentar as crescentes ameaças no espaço cibernético, ao mesmo tempo em que projeta o Brasil como protagonista da segurança cibernética internacional.


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