Um estudo recente do IAB Brasil apontou que quatro em cada cinco profissionais de marketing já utilizam inteligência artificial (IA). Este dado revela como, em pouco tempo, a tecnologia deixou de ser uma promessa e se tornou realidade nas áreas de criação, planejamento de mídia e estratégias para clientes. Em um ou dois anos, a IA transformou a forma de pensar e executar campanhas. A publicidade, antes marcada por intuição, repertório cultural e criatividade humana, agora convive com máquinas capazes de analisar dados em alta velocidade e prever comportamentos.
A combinação da IA e a criatividade humana
A união do artificial e do humano na publicidade não deve ser vista como um problema, mas sim como uma oportunidade de crescimento. A IA assegura eficiência, agilidade e personalização, além de expandir a criatividade humana. Ao facilitar o cruzamento de informações, a exploração de referências globais e a descoberta de novos caminhos criativos, a tecnologia age como um catalisador. Portanto, a questão principal não é se ela ameaça a profundidade criativa, mas como utilizá-la de maneira consciente para potencializar o olhar humano por trás de cada ideia.
O que ainda atrai o público é a emoção, a surpresa e a perspectiva humana por trás de uma ideia. O desafio não é mais “usar ou não usar” a IA, mas sim como direcioná-la para ser uma aliada da autenticidade criativa. Afinal, se 80% do mercado já a considera uma ferramenta diária, o diferencial estará em como combinamos inteligência artificial com sensibilidade humana.
O impacto da IA na publicidade
De fato, a IA trouxe para a publicidade possibilidades antes consideradas inatingíveis: escalar a criatividade rapidamente e alcançar um nível de personalização superior. Ao analisar milhões de dados culturais e comportamentais, ela consegue prever tendências, antecipar desejos e auxiliar na construção de narrativas personalizadas.
No entanto, a máquina não sente emoções; falta-lhe a sensibilidade humana que dá vida às campanhas. Por isso, mesmo com seu poder analítico, a IA precisa de orientação humana para evitar repetições ou análises excessivamente estatísticas. Quando bem utilizada, ela fortalece a diversidade criativa e a conexão entre marcas e público.
Personalização: o limite entre o útil e o invasivo
Tomemos como exemplo a personalização. Quando bem aplicada, ela é valiosa: faz com que cada consumidor sinta que a marca está falando diretamente com ele. Contudo, só funciona quando atende às necessidades reais do público; caso contrário, torna-se manipulação. Para evitar esse risco, a “regra da substituição” ajuda a definir essa linha tênue: se o mesmo comportamento fosse praticado por uma pessoa, seria aceitável ou invasivo? Se a resposta for a segunda opção, o processo deve ser revisto.
Desafios e o futuro da IA na publicidade
Estamos em um caminho promissor, mas com desafios. A imaturidade do setor, junto à falta de regulamentação, gera debates éticos. Quem é o autor de uma campanha criada por IA? Como garantir a privacidade dos dados utilizados? Quais limites impor ao uso de conteúdos sintéticos? Essas questões estarão presentes na corrida mercadológica.
Apesar disso, a maturidade virá por meio de normas locais ou padrões globais, e a publicidade terá à disposição um leque de possibilidades. No final, o diferencial competitivo não será “ter IA”, mas como usá-la. A tecnologia não é vilã nem salvadora: é uma ferramenta de trabalho. Quem entender este cenário terá a chance de encantar o público com novas estratégias.
*Thiago Carneiro, Chefe de operações e tecnologia da iDTBWA, agência de publicidade.
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