O Congresso da TranspoSul iniciou seu terceiro dia com discussões que convergiram para um tema central: a competitividade do setor de transportes. Especialistas de diversas áreas demonstraram que a busca por essa competitividade vai além da tecnologia, abrangendo a saúde mental dos colaboradores, a responsabilidade ambiental e uma gestão fiscal eficiente.
Saúde mental como estratégia no ambiente corporativo
A programação começou com um debate sobre a saúde mental como estratégia no ambiente corporativo. A psicóloga e terapeuta Cristiane Flôres Bortoncello enfatizou a importância do equilíbrio emocional em cenários de pressão.
Com mais efetividade, conseguimos fortalecer vínculos, encerrar relações tóxicas, lidar com conflitos, pedir de maneira adequada e dizer ‘não’ quando necessário.
— Cristiane Flôres Bortoncello, psicóloga e terapeuta
Além disso, Cristiane destacou que a forma de se comunicar e se posicionar impacta diretamente na credibilidade profissional. A confiança transmitida reside no tom de voz, na postura e no olhar, sendo a autenticidade fundamental para sustentar o respeito.
O encontro ressaltou a conexão entre o bem-estar psicológico, a produtividade e a sustentabilidade das empresas. Ao abordar o tema, a TranspoSul evidenciou que a inovação no setor também passa pela valorização dos aspectos humanos.
Economia circular e gestão sustentável de resíduos
Na sequência, a Trashin apresentou cases de inovação em economia circular, logística reversa e gestão sustentável de resíduos. O CEO da cleantech, Serginho Finger, conduziu o painel com especialistas, promovendo a troca de experiências sobre práticas ambientais no setor.
Jéssica Petry, da Innova, apresentou o Ecopass — poliestireno com reciclado pós-consumo, desenvolvido em parceria com a FAS e a cooperativa de catadoras Askarman — como exemplo de inovação em materiais. Bruno Luz Martins, da Lojas Renner, reforçou que empresas sustentáveis são mais valorizadas no mercado, defendendo processos de teste e validação antes da escala. João Victor Fontes, da TF Resíduos, destacou a aplicação prática da economia circular, transformando madeira, agregados e produtos industriais em novas soluções.
As discussões demonstraram a importância da sustentabilidade como pilar estratégico para o setor, em sintonia com a campanha “Tudo Gira Sobre Rodas”, do SETCERGS. A competitividade do transporte não depende apenas de inovação e tecnologia, mas também de uma leitura atenta do ambiente econômico.
A conexão entre economia e transporte
A economista Patrícia Palermo trouxe uma análise clara sobre a conexão entre economia e transporte, destacando que o setor reflete as oscilações macroeconômicas.
O transporte reflete de forma imediata o que acontece na economia: quando há incerteza, investimentos e crescimento desaceleram, e o setor sente rapidamente. Da mesma forma, momentos de estabilidade e confiança promovem reação rápida e oportunidades.
— Patrícia Palermo, economista
Segundo Patrícia, acompanhar o cenário macroeconômico é essencial para a gestão estratégica, permitindo planejar, reduzir riscos e garantir a eficiência do setor.
Reflexos da política e economia no transporte
Encerrando o dia, o ex-governador Germano Rigotto debateu os reflexos da política e da economia sobre o transporte, apontando entraves que limitam investimentos e afetam a competitividade nacional. Ele ressaltou a necessidade de um PIB anual de pelo menos 4% para um crescimento sustentável do Brasil, comparando com o desempenho de China e Índia. No entanto, dificuldades estruturais e juros elevados, atualmente em 15% ao ano, freiam investimentos e elevam o custo do crédito.
Gastamos cerca de 600 milhões por ano apenas para rolar dívidas, recursos que fariam falta em educação, saúde e infraestrutura.
— Germano Rigotto, ex-governador
A palestra reforçou a necessidade de responsabilidade fiscal e planejamento estratégico, fundamentais para enfrentar crises e manter o transporte como motor da economia.
Ao longo do dia, os debates demonstraram que a competitividade do transporte envolve saúde das pessoas, responsabilidade ambiental e gestão fiscal sólida, consolidando o Congresso como um espaço estratégico para líderes do setor se prepararem para os desafios e oportunidades do futuro da logística.
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