IA e novos formatos transformam o futuro do cinema, diz festival

Cine Curta POA debate o futuro do cinema e a IA.

Imagem meramente ilustrativa.

O impacto da inteligência artificial (IA) no audiovisual e a ascensão de novos formatos narrativos marcaram os debates do Cine Curta POA, que segue até domingo (28) na Casa de Cultura Mario Quintana e no UP Food Art, em Porto Alegre. A programação reúne especialistas e artistas que analisam como as tecnologias digitais, vistas por muitos como ameaça, podem se transformar em aliadas no processo criativo, abrindo caminho para novas linguagens e públicos. O produtor cultural Felipe Gomes destacou que a revolução tecnológica já é irreversível.

A inteligência artificial como ferramenta

“A inteligência artificial não é uma onda, é um tsunami. Ela já tirou o roteirista, o editor e o técnico de áudio — e produz sozinha. Mas é importante lembrar que a tecnologia não é inimiga do cinema, ela precisa ser nossa parceira. O digital amplia o acesso e permite que a mesma cultura seja vivida sob outras perspectivas”, afirmou Felipe Gomes.

Durante o painel “Distribuição: O que esperar de uma obra”, ministrado pelos produtores e distribuidores Ronaldo Bettini Jr. e Fernanda Etzberger, o tema foi aprofundado com foco no comportamento do consumidor.

“A gente sempre atendeu a sala de cinema como nosso momento de grande prazer, associado ao entretenimento e à emoção coletiva das histórias. Hoje, para buscar lazer, tudo o que as pessoas menos querem é consumir tela”, comentou o produtor e distribuidor Ronaldo Bettini Jr.

Já a produtora e distribuidora Fernanda Etzberger apontou a dificuldade do público em reconhecer as criações nacionais.

“Se eu falar com algumas amigas de infância, elas dificilmente vão nomear filmes brasileiros, mas irão lembrar de títulos que passaram no Oscar. Infelizmente, ainda temos uma imagem muito ruim do audiovisual nacional”, observou Fernanda Etzberger.

Novas formas de consumo de conteúdo audiovisual

O idealizador do Cine Curta POA, Felipe Gomes, lembrou a influência dos games na formação de novos públicos. Segundo ele, os espectadores ligados ao universo gamer possuem um ritmo distinto de recepção e formam o perfil consumidor atual e futuro.

“O público gamer enxerga numa outra velocidade. Precisamos dialogar com essas novas mentes e estilos”, destacou Felipe Gomes. Além disso, Gomes também enfatizou que hoje é possível produzir até mesmo com o celular, o que torna o audiovisual mais democrático.

Para o produtor Ronaldo Bettini Jr., esse cenário amplia as oportunidades.

“É preciso entregar o conteúdo no formato que o público quer, na plataforma que ele quer. Tudo o que a gente faz é audiovisual, mas ainda seguimos um único tipo de financiamento, ditado pelas regras tradicionais de edital. Se abrirmos o olhar para a audiência, é ela mesma quem pode financiar o que precisa ser feito. É difícil quebrar paradigmas, mas é a chance de realizar o que nunca foi feito”, pontuou Ronaldo Bettini Jr.

A importância das conexões humanas no cinema

A programação também contou com uma roda de conversa conduzida pelo ator, locutor e diretor Marcos Breda e pelo cineasta e ator Pedro Urizzi. O encontro promoveu reflexões sobre clássicos do cinema, transições temporais e os desafios de modernização do setor.

Para o ator Marcos Breda, os festivais exercem papel essencial na formação de público.

“Uma das maiores atribuições de um festival é a formação de plateia, a atração de novas audiências e a troca entre profissionais do cinema. A arte é infecciosa no bom sentido, e o festival tem essa capacidade de aproximar as pessoas e estimular novos projetos”, destacou Marcos Breda.

O artista ainda lembrou da força atemporal do cinema.

“A capacidade que uma obra tem de falar não só com a plateia da sua época, mas de todas as épocas, é o que torna o filme capaz de dialogar com o ser humano em qualquer tempo. Para isso, é necessário conectar com as emoções, independentemente do gênero”, completou Marcos Breda.

Felipe Gomes reforçou essa ideia ao relacionar cinema e humanidade.

“A cultura nos aproxima do que é humano. O lucro do diretor é a arte dele, não o dinheiro. O que importa é quando a obra conecta, seja na sala do cinema ou no celular”, finalizou Felipe Gomes.

As atividades formativas seguem até este domingo (28), com entrada gratuita. Mais informações sobre a programação e inscrições podem ser acessadas no site oficial do festival https://www.cinecurtapoa.com/ e nas redes sociais do Cine Curta POA https://www.instagram.com/festivalcinecurtapoa/


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