Em meio a um futebol historicamente marcado por códigos de masculinidade e resistência à diversidade, a Coligay surgiu como um movimento pioneiro. Fundada por torcedores homossexuais do Grêmio, em Porto Alegre, a torcida organizada se tornou a primeira LGBTQIAP+ do mundo. Com roupas coloridas, plumas e paetês, seus integrantes ocupavam as arquibancadas não apenas para apoiar o time, mas para desafiar a lógica dominante de um ambiente preconceituoso.
O documentário sobre a Coligay
É essa história que o novo documentário do PELEJA, em parceria com a Netshoes, busca reconstruir. A produção apresenta o impacto da Coligay como símbolo de resistência e orgulho, além de sua participação na vida do clube, resgatando a memória da torcida e provocando reflexões sobre identidade, pertencimento e o papel do esporte na transformação social.
Produzir esse documentário foi mergulhar em uma das histórias mais ousadas do futebol brasileiro. A Coligay nasceu em plena ditadura, nos anos 1970, e desafiou o preconceito ao ocupar a arquibancada do Grêmio com orgulho e coragem.
— Julia Ferratoni, roteirista do PELEJA
A proposta do projeto
O documentário reconstrói a trajetória da Coligay a partir de relatos, arquivos e registros da época. O resgate ajuda a entender não só o ambiente dos estádios nos anos 1970, mas também como questões de homofobia e pertencimento seguem presentes no futebol brasileiro.
Além disso, o gerente de redes sociais e influência da Netshoes, Bruno Molina, afirma que dar visibilidade a histórias como a da Coligay é parte do compromisso em usar o esporte como plataforma de transformação social. Ele complementa dizendo que o futebol é paixão nacional, mas também precisa ser espaço de inclusão e respeito.
Apoiar esse documentário vai muito além de resgatar uma memória importante: é contribuir para que a diversidade seja celebrada nas arquibancadas de hoje e do futuro. Essa parceria com o PELEJA, que mantemos desde 2021, reforça nossa visão de longo prazo em promover debates que realmente impactam a sociedade.
— Bruno Molina, gerente de redes sociais e influência da Netshoes
Parceria e posicionamento
A parceria entre as empresas para contar esta história sinaliza uma abordagem mais sofisticada de marcas esportivas com pautas de diversidade. Diferentemente de campanhas sazonais ou superficiais, o investimento em uma produção documental demonstra posicionamento estruturado e de longo prazo.
Julia Ferratoni completa dizendo que na montagem buscaram fugir do formato engessado para dar voz a quem viveu e construiu essa trajetória, como o Volmar Santos, fundador da torcida, que foram até Passo Fundo entrevistar. Mas também acharam importante mostrar como os ecos da Coligay seguem vivos, trazendo a história da Quetelin Rodrigues, a Queki, gremista que hoje frequenta a Arena do Grêmio com a namorada, sem medo algum.
A produção surge em momento estratégico para o mercado esportivo nacional. Clubes, federações e marcas têm investido crescentemente em iniciativas de diversidade, reconhecendo tanto valor social quanto potencial comercial dessa abordagem. No entanto, o futebol brasileiro ainda enfrenta desafios significativos relacionados à LGBTfobia, tornando o resgate da história da Coligay ainda mais relevante.
Legado e transformação
A Coligay foi, ao mesmo tempo, pioneira e contestada. Enfrentou hostilidade em estádios e olhares de desconfiança em um ambiente conservador e homofóbico que sempre marcou o futebol. Ainda assim, marcou época e deixou um legado que reverbera até hoje.
A história da torcida não gerou transformações imediatas, mas décadas depois passou a inspirar grupos contemporâneos a se organizarem e formarem coletivos LGBTQIAP+ nas arquibancadas. Esse resgate e valorização da Coligay reforçam sua importância como símbolo de resistência.
A ideia sempre foi contar essa narrativa à maneira do PELEJA: com escolhas que humanizam e colocam o foco em quem de fato faz o futebol fora de campo. A Coligay é um símbolo de resistência, e eu gosto de pensar que esse documentário é uma homenagem definitiva ao Volmar e à toda revolução que ele promoveu na cultura de arquibancada até hoje.
— Julia Ferratoni, roteirista
O documentário já está disponível no canal do PELEJA no YouTube e nas redes sociais do veículo.
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