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Feira têxtil destaca máquina de costura com inteligência artificial

Máquina de costura com inteligência artificial na Maquintex 2025

A indústria têxtil brasileira, reconhecida mundialmente, passa por um período de transformação impulsionado pela automação e pela inteligência artificial. Buscando fortalecer o setor, a Maquintex 2025, principal feira têxtil do Nordeste, realizada em Fortaleza, apresentou novidades tecnológicas notáveis.

Destaques da Maquintex 2025

Entre os destaques, estiveram a primeira máquina de costura industrial do mundo equipada com inteligência artificial e um sistema de inventário automatizado capaz de identificar até 15 mil peças em apenas uma hora. Estes avanços prometem revolucionar a produção e a gestão no setor têxtil.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), o setor faturou R$ 212,6 bilhões em 2024, reunindo 25,3 mil empresas de médio e grande porte. O segmento emprega 1,3 milhão de pessoas diretamente e é responsável por R$ 32,9 bilhões em salários. Esses números consolidam o Brasil como o quinto maior parque têxtil do planeta e indicam um mercado em expansão.

Em 2024, a produção de têxteis cresceu 4,8% e a de vestuário, 3,9%. Para 2025, a projeção da Abit é de um avanço de 1,2% em toda a cadeia, reforçando a importância da inovação como vetor de competitividade.

Tecnologia cearense em destaque

Um dos grandes destaques do evento foi a VOTU RFID Solutions, empresa cearense que vem se firmando como referência em tecnologia de identificação por radiofrequência (RFID). A companhia, com sede em Fortaleza e fábrica de antenas em Tauá (CE), desenvolve soluções capazes de mapear até 15 mil itens em apenas uma hora com apenas uma pessoa envolvida no processo.

Essa inovação representa uma mudança significativa em relação ao método tradicional, que exigiria dias inteiros e várias pessoas para alcançar o mesmo resultado. Além disso, a VOTU apresentou cabines de leitura para movimentações em massa, que registram de 150 a 200 peças em apenas 5 segundos.

Essa automação reduz gargalos em processos críticos de entrada e saída de mercadorias nos Departamentos de Produto Acabado (DPA), aumentando a agilidade logística, garantindo disponibilidade de produtos no ponto de venda e potencializando o faturamento do varejo.

A tecnologia RFID, ao permitir a leitura simultânea de múltiplos itens sem necessidade de contato visual, torna-se um divisor de águas para a gestão de estoques. Combinada à inteligência artificial, transforma-se em uma poderosa ferramenta de análise preditiva e estratégica. É possível prever demandas, reduzir perdas, otimizar processos e tomar decisões baseadas em dados concretos.

Nosso objetivo é mostrar que o RFID pode ser aplicado em empresas de todos os portes. Com informações ágeis e de qualidade, o empresário garante o produto certo, no lugar certo e para a pessoa certa. Isso reduz custos e aumenta o faturamento, dois pontos vitais para a competitividade neste segmento.

— Rodrigo Martins, diretor executivo da VOTU RFID Solutions

A primeira máquina de costura com inteligência artificial

Outro ponto alto da feira foi a apresentação da OVERLOCK JACK URUS, lançada pela Welltec, concessionária exclusiva da marca chinesa Jack no Brasil. Trata-se da primeira máquina de costura industrial equipada com inteligência artificial, capaz de reconhecer automaticamente diferentes variações no tecido.

A inovação está no chip integrado que ajusta o torque e o transporte de forma automática, eliminando falhas comuns em costuras sobrepostas – como nas emendas de laterais sobre mangas ou ombros.

— Douglas Xavier, analista de marketing da Welltec

Popularmente apelidada de ‘rainha das emendas’, Xavier afirma que a URUS garante produtividade sem que a costureira precise reduzir a velocidade em áreas mais espessas, entregando qualidade e eficiência em larga escala.

Impacto na rentabilidade

Além de elevar o padrão de acabamento, a tecnologia promete impactar diretamente a rentabilidade das confecções, reduzindo retrabalho e aumentando a cadência produtiva. O uso de inteligência artificial em máquinas industriais, até então mais restrito a setores como automobilístico e eletrônico, chega agora com força à moda, abrindo espaço para um novo patamar de automação no setor têxtil.

Os lançamentos apresentados reforçam uma característica intrínseca dessa indústria: sua constante capacidade de renovação. Moda é costume, e está diretamente ligada ao comportamento social, cultural e econômico de cada época. Por isso, o setor precisa estar sempre antenado ao que o mercado e seus clientes demandam, desenvolvendo soluções que não apenas aumentem a produtividade das empresas, mas que também resolvam problemas do consumidor final.

O setor têxtil brasileiro sempre se reinventou para acompanhar as mudanças do mercado e da sociedade. As feiras cumprem um papel essencial nesse processo porque reúnem inovação, negócios e relacionamento em um mesmo espaço. A cada edição, a Maquintex reforça que o Nordeste está no centro das transformações do setor, recebendo tecnologias que não apenas aumentam a produtividade, mas que também aproximam a moda das necessidades do consumidor. Esse movimento mostra a força do Brasil como referência global na indústria têxtil e o compromisso da Febratex Group em fomentar esse ecossistema.

— Hélvio Pompeo Madeira, presidente do grupo Febratex

Seja por meio da integração de sistemas digitais, seja pelo avanço de máquinas inteligentes, a indústria mostra como a tecnologia está cada vez mais entrelaçada à moda e ao vestuário, transformando não apenas processos produtivos, mas também modelos de negócio.

Para o Brasil, um país com forte vocação produtiva e um dos maiores mercados consumidores do mundo, a incorporação dessas tecnologias significa não apenas maior eficiência, mas também a oportunidade de consolidar sua posição de destaque global. Ao unir tradição, escala produtiva, inovação e foco no consumidor, a indústria têxtil nacional busca mostrar que está preparada para enfrentar os desafios de um mercado em constante evolução.

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