Alunos do Grupo de Ensino Miranda Barroso, de Niterói (RJ), e da Escola Padre Anchieta, de Jundiaí (SP), foram finalistas na maior competição de inovação educacional do Brasil, o HackaNAV. Criado para alunos de 8º e 9º ano de escolas parceiras do programa Nave à Vela, da Arco Educação, o movimento reconheceu as instituições de ensino com melhor desempenho na última etapa do concurso.
A inscrição de um projeto com o tema: “Criatividade no combate às catástrofes” garantiu o passaporte para a final, que contou com dez instituições de ensino de todo o Brasil. O HackaNAV motiva o desenvolvimento de iniciativas autorais que buscam solucionar desafios reais com inovação, criatividade e propósito.
Projetos Inovadores em Destaque
No Grupo de Ensino Miranda Barroso, os alunos da equipe ‘Projetando o Futuro’ criaram o projeto V.I.D.A, uma solução de alerta e prevenção em situações de enchentes e deslizamentos. A iniciativa de proteção às famílias teve como referência o deslizamento do Morro do Bumba, em 2010, a apenas 3 km da escola, que deixou 48 mortos e cerca de 200 desaparecidos. A equipe, coordenada pela professora Manoela dos Santos, é formada pelos alunos Guilherme Jacintho, Hugo Dias Gomes, Luiz Henrique Macedo de Oliveira e Marcelo Dias Gomes.
Na prática, os estudantes de Niterói desenvolveram um capacete tático com sensor infravermelho capaz de identificar sinais de vida em áreas de difícil acesso. Feito a partir de um capacete de ciclista, uma webcam modificada e materiais recicláveis, o equipamento conta com bússola digital, alerta de temperaturas extremas e sistema de detecção de quedas, que envia sinais via bluetooth. Os adolescentes usaram apenas soluções artesanais – sem impressoras 3D ou cortadoras a laser – e mostraram que a criatividade pode superar a falta de recursos.
A equipe ‘RISERS’, do Colégio Padre Anchieta, deu vida ao ‘Flutuação’, um projeto simples e transformador para minimizar estragos em áreas alagadas – como a própria cidade de Jundiaí, que enfrentou chuvas torrenciais em fevereiro deste ano. Os alunos propuseram a criação de módulo impresso em 3D, que encaixa garrafas PET para flutuar com pertences de vítimas e que suporta o transporte de até 10kg. O lema é “quando a água sobe, a ajuda flutua até você”. A equipe, coordenada pela professora Fernanda Cavalli Yarid, é formada pelos alunos Miguel Henrique Roveri Bueno, Augusto Haranda Crepaldi, Enzo Ravaggi Godoy e Murilo de Moraes Gonçalves.
Além disso, a iniciativa dos estudantes do interior paulista também conta com um sistema de transmissor para contato com autoridade mesmo sem sinal de Internet. A solução, criada para “salvar vidas e memórias”, nasceu da observação cotidiana dos alunos e se tornou um símbolo de criatividade aplicada à realidade local. Para eles, inovar significou olhar para a dor da comunidade e propor um caminho para devolver dignidade e mobilidade às pessoas.
Alunos como Protagonistas da Transformação
O HackaNAV 2025 mobilizou mais de 4 mil estudantes de todo o país, e resultou em 151 projetos e impacto. Os projetos inscritos foram divididos em cinco eixos: prevenção de catástrofes; monitoramento de riscos, socorro em situações de desastre, reconstrução após desastres e educação científica e combate à desinformação. Um dos principais objetivos da iniciativa é extrapolar conhecimentos da sala de aula, ou seja, motivar aplicação de conteúdos de física, biologia e tecnologia em soluções de problemas do dia a dia, que considerem catástrofes ou vulnerabilidades das próprias cidades.
Com o HackaNAV, queremos estimular o pensamento crítico e o letramento na área de tecnologia, para a construção de um futuro que é dinâmico e mutável. Os projetos exploram diversas possibilidades de mundo, motivando também o desenvolvimento de habilidades sócio-emocionais, de colaboração e coletividade.
— Nathália Coutinho, head de Marketing da Arco Educação
Diversas iniciativas aconteceram em parceria com órgãos locais, como Defesa Civil, Bombeiros, ONGs e Prefeituras, com a missão de dar o protagonismo aos jovens como principais agentes de mudança, na resolução de problemas que impactam diretamente suas comunidades. A ideia do movimento é fortalecer o conceito de educação científica em rede: com escolas, famílias e sociedade conectados em torno da inovação.
Na grande final, que aconteceu neste sábado (4), em São Paulo, três escolas levaram a melhor no desafio, desenvolvido ao longo do dia, em que tiveram que criar um projeto para o combate a ondas de calor. O colégio que conquistou o primeiro lugar na competição nacional foi o Veratz, de Catalão no sudeste de Goiás. O prêmio para a equipe vencedora é uma viagem ao Space Center da NASA, em Houston, nos Estados Unidos, onde viverão uma imersão em ciência, tecnologia e inovação. O segundo lugar ficou com o Colégio Nossa Senhora da Luz, de Salvador (BA). Já o terceiro posto ficou com o Colégio e Curso Desafio, de Recife (PE).