O Dia das Crianças é um momento de alegria, mas pode trazer desafios para pais divorciados com guarda compartilhada. A questão central é: com quem o filho deve passar o dia? Especialistas em Direito de Família oferecem orientações para evitar conflitos e priorizar a harmonia familiar.
O Aumento da Guarda Compartilhada no Brasil
O número de processos judiciais sobre guarda aumentou no Brasil. Dados do IBGE mostram que, em 2014, 85% das guardas ficavam com a mãe. Em 2022, esse número caiu para 50%, enquanto a guarda compartilhada saltou de 7,5% para quase 38% dos casos. Esse aumento ocorreu após a Lei nº 13.058/2014, que estabeleceu a possibilidade de divisão da guarda entre os pais.
De acordo com Amanda Helito, sócia do PHR Advogados e especialista em Direito de Família e Sucessões, o principal é lembrar que a guarda compartilhada não é uma divisão matemática do tempo. Mas sim, uma cooperação entre os pais para garantir o melhor para a criança. “O foco deve estar na experiência afetiva dos filhos, e não em uma disputa. Datas como o Dia das Crianças devem ser oportunidades de convivência saudável”, afirma.
Diálogo e Planejamento: As Chaves para Evitar Conflitos
Muitos pais acreditam que, sem acordo prévio, recorrer ao Judiciário é inevitável. No entanto, Amanda Helito esclarece que a via judicial deve ser a última alternativa. “O ideal é que os pais dialoguem e criem um calendário de convivência equilibrado, alternando os anos ou dividindo os períodos do dia, para que a criança aproveite a data sem tensões”, explica.
A Mediação Familiar como Alternativa
Contudo, o diálogo nem sempre é fácil. Em casos de impasse, a mediação pode ser uma solução. Essa prática tem ganhado espaço no Direito de Família, oferecendo soluções menos litigiosas. “A mediação familiar permite que pais e mães construam acordos personalizados, preservando vínculos e diminuindo impactos emocionais nos filhos”, explica Patricia Valle Razuk, sócia do PHR Advogados e especialista em Mediação de Conflitos pela Harvard Law School.
Organização e Afeto: Prioridades no Dia das Crianças
Outro ponto crucial é a organização antecipada. Planejar com antecedência como a criança passará a data minimiza frustrações e cria expectativas positivas. “Quando há previsibilidade, os filhos se sentem mais seguros. A divisão equilibrada e respeitosa fortalece a percepção de que são amados igualmente”, destaca a advogada.
O cuidado, a escuta e a convivência de qualidade são os maiores presentes que podemos oferecer às crianças. É esse vínculo que marcará positivamente sua memória e seu desenvolvimento emocional.
— Patricia Valle Razuk, sócia do PHR Advogados
Por fim, a advogada reforça que o afeto é o melhor presente. Presentes materiais têm valor simbólico, mas não substituem a atenção e a presença dos pais.