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Fertilização in vitro: avanços redefinem reprodução assistida

Fertilização in vitro: avanços redefinem reprodução assistida

A Igenomix Brasil, parte do Vitrolife Group, promoveu o simpósio “Reproductive Game Changers – O que a otimização da FIV realmente significa?” durante o Congresso Brasileiro de Reprodução Assistida (CBRA 2025). O evento reuniu especialistas da América Latina, Europa e Oceania para discutir os avanços que estão transformando os resultados da fertilização in vitro (FIV).

O painel abordou temas como o papel da genética na jornada reprodutiva, o controle de qualidade laboratorial, o uso de inteligência artificial na seleção de embriões e a importância da receptividade endometrial.

Genética como ponto de partida na fertilização in vitro

A médica geneticista chilena Catherine Díaz, fundadora da clínica Mi ADN e coordenadora de aconselhamento genético no CERPO, iniciou o painel contextualizando a realidade dos países latino-americanos. Ela destacou que o Chile apresenta uma taxa de fecundidade de 1,14 filho por mulher, um número preocupante. As mulheres estão engravidando mais tarde, o que aumenta a incidência de alterações genéticas.

Dra. Catherine enfatizou o papel dos testes genéticos em cada etapa da fertilização in vitro (FIV). Segundo ela, mesmo em casais jovens com infertilidade sem causa aparente, é possível identificar genes associados a distúrbios que impactam o amadurecimento e o desenvolvimento embrionário. A investigação genética pode explicar desde hipogonadismo e alterações cromossômicas até causas de aborto recorrente.

A especialista citou o cariótipo e o PGT-A (teste genético pré-implantacional para aneuploidias) como ferramentas importantes para reduzir perdas gestacionais e evitar síndromes genéticas nos bebês. “A genética aumenta a eficiência do processo, reduz abortos e previne doenças. Mas, sobretudo, diminui a carga emocional e financeira dos casais e contribui para uma vida mais saudável da criança”, completou.

Controle de qualidade laboratorial na FIV

Dando sequência, o gerente de laboratório da Vitrolife, Erik Strait, abordou o impacto do controle de qualidade e da toxicologia dos materiais usados em reprodução assistida. Em sua palestra, ele destacou que 60% dos materiais testados falham em algum nível de toxicidade e são descartados antes de chegar ao laboratório clínico.

“Nosso trabalho é garantir que tudo o que chega ao embriologista foi testado e aprovado em condições seguras”, explicou Strait, detalhando as metodologias empregadas nos ensaios com embriões de camundongos conhecidos como Mouse Embryo Assay (MEA). Esses testes avaliam dispositivos médicos, óleos e meios de cultivo usados nos laboratórios de FIV.

O pesquisador lembrou que a Vitrolife vai além das exigências regulatórias. “Não nos contentamos com o mínimo. Se o padrão exige um ensaio de cinco dias, nós o expandimos para incluir quatro dias adicionais. Assim, identificamos precocemente qualquer variação que possa comprometer o embrião”, afirmou.

Catherine Jacobs, que moderava a mesa, resumiu a importância dessa etapa: “É a seleção da seleção. Cada detalhe, desde o meio de cultivo até o controle do ambiente, influencia diretamente o embrião que chega ao médico e, em última instância, ao paciente”, destacou.

Inteligência artificial e time-lapse na seleção de embriões

Referência mundial em embriologia e infertilidade masculina, o espanhol Marcos Meseguer, do IVIRMA Valência, abordou como a tecnologia time-lapse do EmbryoScope e a inteligência artificial estão mudando a forma de avaliar os embriões. “O uso de incubadoras time-lapse trouxe um aumento de cerca de 10% nas taxas de gravidez clínica e evolutiva, como demonstramos em estudos multicêntricos. Por isso, nossa clínica tornou-se 100% time-lapse”, afirmou.

Meseguer explica que a tecnologia permite acompanhar continuamente o desenvolvimento embrionário sem interromper o cultivo, melhorando as condições e oferecendo dados para modelos de predição mais precisos.

Além disso, a equipe espanhola utiliza o sistema de inteligência artificial desenvolvido pela Vitrolife IDAScore, que avalia automaticamente o potencial de implantação de embriões. “Mostramos que embriões com morfologia idêntica podem ter até 18% de diferença na taxa de implantação quando avaliados por IA. A inteligência artificial oferece uma alternativa de seleção mais precisa e menos subjetiva do que a morfologia tradicional”, explicou.

Em seus estudos com mais de 70 mil embriões e 10 mil ciclos de reprodução assistida, Meseguer demonstrou que o uso da IA reduz em até 6% o tempo necessário para alcançar o nascimento de um bebê. “É a primeira evidência científica de que a IA pode encurtar o ‘time-to-live birth – nascimento com tempo de vida’. Isso é um divisor de águas para a prática clínica”, afirmou.

Receptividade endometrial e microbiota uterina

Encerrando o simpósio, Viviane Casaroli, mestre em Ciências pelo Instituto de Tecnologia de Tóquio e consultora científica do Vitrolife Group na Austrália, trouxe o olhar sobre o endométrio (tecido que reveste o interior do útero) como protagonista ativo no processo de implantação. “Estudos mostram que o endométrio funciona como um biossensor, capaz de reconhecer a qualidade do blastocisto. Ele responde de maneira diferente quando o embrião é saudável ou de má qualidade”, explicou.

Casaroli citou pesquisas recentes com pacientes que sofrem falha recorrente de implantação, mostrando que o teste de receptividade endometrial, como o ERA (Endometrial Receptivity Analysis), reduz a perda de embriões euploides.

A especialista destacou que o ERA é interpretado por uma inteligência artificial treinada com mais de 300 mil amostras de endométrio de diferentes países. “É o algoritmo quem analisa o perfil transcriptômico e identifica se o endométrio está ou não receptivo. A IA foi treinada para reconhecer padrões gênicos que o olhar humano não consegue distinguir”, explicou.

Além da receptividade, Casaroli trouxe evidências sobre o papel da microbiota uterina. Segundo ela, a composição bacteriana do útero está associada à implantação e ao sucesso gestacional.

Segundo a pesquisadora, o paradigma está mudando: “Nem todas as mulheres com baixa predominância de lactobacilos têm falha de implantação. O alvo terapêutico precisa ser o controle dos patógenos e não a tentativa de padronizar uma microbiota ideal”, acrescenta. Casaroli também destacou a relevância dos métodos moleculares de diagnóstico, como o PCR em amostras endometriais, que identificam DNA bacteriano de forma objetiva.

Ao encerrar o painel, as moderadoras Catherine Jacobs e Taccyanna Ali destacaram a complementaridade entre as áreas. “O que vimos aqui é que genética, laboratório, tecnologia e clínica não são etapas isoladas, mas partes de um mesmo processo que precisa estar conectado”, resumiu Jacobs.

Taccyanna Ali reforçou que a missão do Vitrolife Group é promover soluções integradas para toda a jornada da fertilização in vitro, indo do aconselhamento genético à transferência embrionária.

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