Com a proximidade da COP30, o Brasil se prepara para sediar discussões cruciais sobre o futuro do clima. Nesse contexto, a campanha Gigantes Elétricos surge para alertar sobre a urgência na eletrificação de caminhões no país. Afinal, o transporte de cargas tem um papel significativo nas emissões de gases de efeito estufa.
O potencial brasileiro para a eletrificação
O país possui vantagens estruturais que o posicionam como um líder potencial na eletrificação do transporte de cargas. Entre elas, destacam-se:
- 65% da carga nacional é transportada por rodovias.
- O Brasil é o 7º maior produtor de caminhões do mundo.
- A matriz elétrica é 87% renovável, permitindo reduzir emissões de forma mais rápida e consistente.
- Caminhões elétricos podem ser até 76,5% mais baratos de operar do que os movidos a diesel.
É com base nesse potencial que a campanha Gigantes Elétricos, uma coalizão internacional, chega ao Brasil como um hub de informações e iniciativas sobre a eletrificação do transporte de cargas.
Biocombustíveis: uma solução realmente sustentável?
Os biocombustíveis ganham destaque nas discussões da COP30. No entanto, eles estão longe de serem totalmente sustentáveis. Por exemplo, cerca de 66% do biodiesel produzido no país tem como base a soja. Se a substituição total do diesel por esse combustível ocorresse até 2050, seria necessário destinar cerca de um quarto do território brasileiro para sua produção, o que estimularia o desmatamento e aumentaria a competição com a agricultura voltada à alimentação.
Apoio e incentivo à eletrificação
Com o apoio de organizações como o Grupo de Trabalho Amazônico (Rede GTA), a Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores (Abravei), o Global Strategic Communications Committee (GSCC) e o The Sunrise Project, a campanha busca incentivar o setor privado – especialmente montadoras tradicionais como Volvo Trucks, Mercedes-Benz e Scania – a liderar uma transição justa e urgente rumo aos caminhões elétricos.
Estimular a adesão de grandes montadoras na eletrificação das frotas de carga garante maior viabilidade econômica para os caminhões elétricos em comparação com países dependentes de combustíveis fósseis, trazendo competitividade para projetos locais e segurança para investidores internacionais.
— Clemente Gauer, diretor da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) e parceiro da Gigantes Elétricos
Oportunidades econômicas e para a saúde
A transição para caminhões elétricos representa uma oportunidade econômica e industrial única para o Brasil. Segundo o International Council on Clean Transportation (ICCT), a eletrificação pode mais que dobrar os empregos no setor até 2050.
Além disso, cada vez mais empresas exigem ações de sustentabilidade em toda a cadeia de suprimentos. Grandes compradores internacionais de soja, carne e café, por exemplo, exigem cadeias logísticas descarbonizadas.
Ademais, a eletrificação das frotas pode trazer benefícios significativos para a saúde pública. O Centre for Research on Energy and Clean Air (CREA) constatou que a poluição de caminhões a diesel está associada a milhares de mortes. No Brasil, o Instituto Ar estima que, entre 2013 e 2023, as doenças causadas por essa poluição custaram R$24,5 bilhões em internações hospitalares.
O futuro da eletrificação no Brasil
Portanto, a substituição gradual dos caminhões a diesel por modelos elétricos pode melhorar a qualidade do ar e contribuir positivamente com a economia do país. Diogo Seixas, Presidente da ABRAVEI, reforça que a tecnologia já está pronta e o momento é agora.
No centro dessa transição estão os próprios fabricantes de caminhões. Ao investir em eletrificação e adotar novos padrões na cadeia de suprimentos, esses fabricantes podem liderar uma mudança estratégica que trará ar mais limpo, melhores empregos e um Brasil mais competitivo.
— Diogo Seixas, Presidente da ABRAVEI (Associação Brasileira de Proprietários de Veículos Elétricos Inovadores)