A inteligência artificial (IA) deixou de ser um tema restrito a laboratórios de pesquisa e startups de tecnologia. Atualmente, ela faz parte do vocabulário de qualquer empresa. Seja na automatização de processos, no atendimento ao cliente, em análises preditivas ou na personalização em escala, a IA está presente em diversas áreas. No entanto, surge uma questão importante: será que toda empresa realmente precisa de IA? Ou estamos diante de mais um movimento onde a pressão por aderir à tendência supera a estratégia?
O Crescimento do Hype da Inteligência Artificial
O crescimento da inteligência artificial é inegável. De acordo com a PwC, a IA pode adicionar US$ 15,7 trilhões à economia global até 2030, tornando-se uma das maiores forças de transformação econômica da história. Não é por acaso que CEOs e conselhos sentem a urgência de anunciar projetos de IA para demonstrar inovação. Contudo, essa corrida pode gerar armadilhas: quando a tecnologia é adotada apenas como vitrine, sem clareza de objetivos, os investimentos se transformam em custos sem retorno.
Onde a IA Realmente Agrega Valor?
Existem áreas em que a IA já se provou um diferencial competitivo. Segundo a McKinsey, a IA generativa pode agregar entre US$ 2,6 trilhões e US$ 4,4 trilhões por ano em valor econômico global. Desse potencial, 75% está concentrado em quatro funções: atendimento ao cliente, marketing e vendas, engenharia de software e pesquisa e desenvolvimento. Casos práticos incluem a detecção de fraudes no setor financeiro, a manutenção preditiva na indústria, o atendimento digital mais eficiente no varejo e os diagnósticos assistidos na saúde. Nesses casos, a IA não é apenas inovação: é uma ferramenta de produtividade, escalabilidade e segurança.
O Risco do Modismo Corporativo
Apesar dos benefícios evidentes, muitas organizações caem na armadilha do modismo, investindo em IA sem obter um impacto financeiro significativo. O problema não reside na tecnologia em si, mas na forma como ela é implementada. Projetos que não estão alinhados com a estratégia de negócio, que carecem de maturidade de dados ou que não preparam adequadamente as equipes dificilmente entregam resultados. Nesses casos, a IA se torna um gasto disfarçado de inovação.
A Adoção Inteligente da Inteligência Artificial
O caminho, portanto, não é perguntar “como usar IA a qualquer custo?”, mas sim “em quais áreas da minha empresa a IA pode gerar um impacto real?”. A adoção deve começar pequena, com projetos-piloto, mensuração de resultados e expansão gradual. Mais importante ainda: a tecnologia precisa estar a serviço da estratégia, e não o contrário. Quando aplicada com clareza de propósito, a IA pode acelerar a inovação e abrir novos modelos de negócio.
A inteligência artificial é, sem dúvida, uma das maiores forças de transformação do nosso tempo. Mas nem toda empresa precisa dela hoje, e, menos ainda, de qualquer jeito. O verdadeiro diferencial não está em dizer “usamos IA”, e sim em saber para quê. Inovar com consciência e propósito é o que separa quem colhe resultados duradouros de quem apenas segue a onda.
— Andrea Rivetti, CEO da Arklok
