A data leadership é a nova força motriz da transformação digital na América Latina, mudando modelos de negócio, cadeias de valor e expectativas dos consumidores. No centro dessa mudança está a capacidade das organizações de transformar dados em decisões, com líderes estratégicos que priorizam dados, governança e capacidades analíticas.
Crescimento do mercado de computação em nuvem
A região vive um momento de expansão tecnológica rápida. De acordo com o relatório “Latin America Cloud Computing Market 2025-2033”, do IMARC Group, o mercado de computação em nuvem na América Latina movimentou pelo menos US$ 55 bilhões em 2024 e deve crescer a uma taxa de 15% ao ano até 2030. O número é expressivo, mas o ponto central é o que as empresas farão com essa infraestrutura. Afinal, de nada adianta escalar capacidade de nuvem se os dados continuam fragmentados e sem propósito estratégico. O verdadeiro valor está em usar essa base para gerar inteligência.
Além disso, investimentos estratégicos globais estão chegando à região: em 2024, grandes fornecedores anunciaram aportes bilionários em infraestrutura e desenvolvimento de capacidades locais, com expansão de data centers e programas de capacitação. Provedores veem a América Latina como prioridade para a próxima onda de serviços de nuvem e IA.
Estratégias data-driven
No entanto, muitas empresas na região estão priorizando estratégias data-driven como eixo central de suas transformações digitais. Isso significa alinhar decisões de negócio a insights extraídos de dados em tempo real, aplicando métricas claras para medir desempenho, antecipar tendências de mercado e responder rapidamente a mudanças no comportamento do consumidor. Líderes orientados a dados impulsionam a eficiência operacional, aumentam a capacidade de inovação e diferenciam as organizações em mercados competitivos.
A propósito, estratégias data-driven demandam uma integração efetiva entre tecnologia, cultura organizacional e capacitação de equipes. O relatório “Latin America Digital Transformation Report 2024”, da Agata Data, destaca que, embora haja capital e adoção tecnológica, ainda existe um gap entre investimento e geração de valor real. Muitas empresas adotam nuvem e IA, mas poucas conseguem transformar isso em produtos, eficiência operacional e crescimento sustentável. É aqui que entra o papel do data leadership: enxergar, conectar e preencher esse gap, transformando tecnologia em vantagem competitiva de verdade.
O impacto social da tecnologia
Outro ponto essencial é o impacto social da tecnologia. Um estudo da International Labor Organization junto à World Bank mostra que a automação e a IA têm efeitos distributivos relevantes: entre 2% e 5% dos empregos formais podem ser automatizados diretamente na região, enquanto uma parcela maior pode ser afetada indiretamente. Isso torna o papel da liderança em dados também social, ou seja, de requalificar, incluir e direcionar o uso responsável da tecnologia. O líder de dados não é apenas um gestor de sistemas, mas um agente de transformação ética e humana.
Na América Latina, data leadership é hoje a alavanca que transforma investimento em tecnologia em vantagem competitiva real. Crescimento de cloud, difusão de IA e aportes globais criam o cenário técnico, mas cabe às lideranças converterem essa janela em estratégia, governança e talento. Organizações que tiverem esses gestores e fizerem isso com responsabilidade social e foco em geração de valor mensurável, estarão melhor posicionadas para liderar o próximo capítulo digital da região.
*Cesar Gomes é Vice-Presidente da Cloudera no Brasil.






