Com o avanço da inteligência artificial e a popularização das deepfakes, cresce o desafio de preparar cidadãos para lidar com os impactos éticos e sociais das novas tecnologias. A educação, portanto, assume um papel fundamental neste cenário.
O Cenário Atual e os Desafios da IA
A disseminação de conteúdos manipulados e o surgimento das deepfakes, que são vídeos, áudios e imagens alterados por inteligência artificial para simular pessoas ou situações reais, colocam a sociedade diante de um cenário complexo de desinformação e perda de confiança nas fontes digitais. Apesar dos benefícios da IA em diversas áreas, aumentam os riscos de uso indevido de informações, exigindo atenção crítica de cidadãos e profissionais.
Segundo levantamento da EY Brasil (2025), 92% dos brasileiros afirmam ter utilizado IA de forma consciente nos últimos seis meses, e 64% acreditam que seus benefícios superam os riscos. No entanto, o país enfrenta o desafio de formar cidadãos capazes de usar essas tecnologias de maneira ética e crítica.
O Papel das Instituições de Ensino Superior
As instituições de ensino superior desempenham um papel central na formação de futuros profissionais preparados para lidar com os impactos da IA. Disciplinas específicas, programas de atualização e pós-graduações voltados à governança da tecnologia e às implicações éticas e regulatórias da IA no acesso à Justiça têm contribuído para desenvolver competências críticas, técnicas e éticas, preparando estudantes e a sociedade para os desafios de um mundo moderno.
A Importância da Visão Humanista
O gestor e coordenador de Inovação e Projetos Especiais da Faculdade Baiana de Direito e Gestão, Diogo Guanabara, destaca a importância de expandir o alcance do conhecimento além da sala de aula. Além disso, ressalta o papel da academia na formação para o uso ético da inteligência artificial.
Entendemos que a academia tem papel central na formação para o uso ético da inteligência artificial. E cabe a ela fomentar senso crítico, responsabilidade e visão humanista, de modo a equilibrar inovação e proteção de direitos fundamentais.
— Diogo Guanabara, gestor e coordenador de Inovação e Projetos Especiais da Faculdade Baiana de Direito e Gestão
Para Guanabara, que também é Consultor Jurídico em Direito Digital e Proteção de Dados, os desafios são evidentes. “É preciso superar a visão de que a IA é apenas uma ferramenta técnica, sem impactos sociais ou jurídicos. A velocidade das inovações exige atualização constante de professores, alunos e materiais, e é fundamental envolver diferentes áreas do conhecimento, como Direito, tecnologia, comunicação e psicologia, para enfrentar o problema de forma completa”, afirma.
A Urgência da Alfabetização Digital
Com vídeos e áudios falsificados circulando com facilidade, o debate sobre alfabetização digital é urgente. O professor Marcus Seixas observa que a sociedade ainda carece de preparo para enfrentar os riscos. Ele destaca que deepfakes e sistemas de geração automática de conteúdo exigem alfabetização digital profunda.
É preciso saber identificar manipulações, compreender os algoritmos e reconhecer quando estamos diante de construções sintéticas da realidade.
— Marcus Seixas, advogado e docente da Baiana de Direito
Segundo Seixas, o Brasil ainda está em fase inicial de adaptação às novas formas de manipulação digital. Para ele, embora a população adote rapidamente novas tecnologias, a alfabetização digital não avança no mesmo ritmo.
“Ainda há quem não tenha acesso regular à internet ou ao letramento digital básico, o que aumenta a exposição à desinformação e às campanhas que exploram a falta de repertório tecnológico”, alerta.






