Após a cantora Gaby Amarantos revelar ter recorrido a uma lavagem intestinal profunda para emagrecer cerca de 14 kg, o assunto gerou ampla discussão nas redes sociais e na imprensa. A artista afirmou ter feito o procedimento com 300 litros de água e relatou: “A minha mente limpou, o meu corpo limpou e eu consegui emagrecer por conta desse processo”.
Impacto psicológico da busca por emagrecimento rápido
Para entender o fenômeno, a psicóloga Dra. Priscilla Leitner, especialista em comportamento e transtornos alimentares, analisou o impacto psicológico por trás da decisão e alerta sobre os riscos de associar práticas extremas a soluções rápidas de emagrecimento.
A escolha por métodos radicais como lavagens intestinais ou dietas de “detox” muitas vezes nasce de uma relação ruim com o corpo e a comida. “Quando a pessoa diz que quer se ‘limpar’, ela não está apenas falando de algo físico. Está tentando se livrar de sentimentos como culpa, vergonha, frustração ou a sensação de não se sentir suficiente. É um processo simbólico, emocionalmente carregado”, explica.
A especialista observa que o discurso de “purificação” corporal pode funcionar como uma tentativa de retomar o controle através do corpo. “É como se, limpando o corpo, a pessoa também limpasse os pensamentos e emoções que a incomodam, como a culpa. Mas o corpo não é o vilão, e sim a relação com o corpo e as emoções que precisam ser acolhidas, não expurgadas”, acrescenta.
Influência de celebridades e a pressão estética
Dra. Pri destaca que celebridades, ao compartilharem suas experiências de emagrecimento, podem influenciar comportamentos de risco. “Quando uma figura pública associa o emagrecimento a um procedimento radical e ainda o descreve como algo que ‘limpou a mente’, isso reforça a ideia de que existe um atalho emocional para o bem-estar, e infelizmente isso não existe. A saúde mental e física não se conquista em movimentos agressivos, mas por construção de um estilo de vida emocionalmente sustentável”.
A psicóloga explica que a pressão estética e o imediatismo digital intensificam a busca por resultados rápidos. “Vivemos a era da comparação. Muitas pessoas não querem apenas emagrecer, querem pertencer. E quando o emagrecimento vira sinônimo de valor pessoal, qualquer promessa de ‘cura’ imediata ganha força.”
Riscos psicológicos de práticas extremas
Além dos riscos físicos já amplamente divulgados por médicos e nutricionistas, Dra. Pri alerta para os impactos psicológicos de práticas extremas:
- Dependência emocional de rituais de purificação: a sensação de “alívio” após o procedimento pode se tornar viciante;
- Reforço da culpa alimentar: o corpo é visto como algo a ser constantemente corrigido;
- Autoimagem negativa: o indivíduo passa a vincular o bem-estar à “eliminação” de partes de si, e não à aceitação e ao autocuidado.
- Relação com a comida pode oscilar entre o controle e descontrole, palco para possível compulsão ou comer emocional.
“Essas práticas acabam perpetuando o ciclo de autocrítica e punição. A verdadeira transformação acontece quando a pessoa construí uma relação consigo mesma, um estilo de vida que realmente seja sustentável.”, reforça Dra. Pri.
Reconciliação com o corpo: o caminho para a transformação
Para a psicóloga, o foco deve estar em uma mudança da relação com o corpo e a comida, e não em métodos invasivos. “Precisamos trocar o discurso da limpeza pelo da reconciliação. O corpo não precisa ser ‘lavado’ para merecer amor ou cuidado. Ele precisa ser ouvido. O equilíbrio emocional é o que, de fato, abre caminho para hábitos sustentáveis e para o emagrecimento saudável”.
Sobre Dra Priscilla Leitner:
Também conhecida como Dra. Pri é psicóloga, especialista em Comportamento e Transtornos Alimentares, Mentora de Estilo de Vida, ela tem dedicado sua carreira a formar profissionais da saúde capacitados para transformar vidas por meio de abordagens inovadoras e integradas. Não à toa, virou referência em comportamento e transtornos alimentares no Brasil.
Fundou o IPCAC (Instituto de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Curitiba), há 13 anos e hoje como diretora leva adiante a missão de suprir uma lacuna significativa no mercado: a falta de especialistas preparados para lidar com transtornos alimentares de forma prática e multidisciplinar.
O Instituto tem se destacado pela metodologia, que conecta psicologia, nutrição e medicina, e pela excelência em treinar profissionais com protocolos e metodologias práticas, modernas e validadas.
Com centenas de alunos já capacitados, Dra. Pri e o IPCAC têm revolucionado o campo da saúde mental, promovendo um cuidado que vai além do básico, unindo ciência, técnica e coração.
Sua missão é clara: formar uma geração de profissionais preparados para promover um tratamento que transforma vidas e gera mudança real, por meio de um estilo de vida emocionalmente sustentável.






