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Experiência digital: por que o termo ‘usuário’ pode ser prejudicial

Experiência digital: por que o termo 'usuário' pode ser prejudicial

O setor de aplicativos móveis no Brasil ultrapassou a marca de 150 milhões de consumidores ativos em 2024, segundo a AppsFlyer. Paralelamente, pesquisa Consumer Pulse revelou que os brasileiros passam mais de nove horas por dia conectados. Diante desse cenário, surge um questionamento fundamental: o mercado está priorizando as pessoas ou apenas as métricas de uso?

A abstração por trás do termo ‘usuário’

Na rotina de desenvolvimento de software, o termo “usuário” frequentemente surge como sinônimo de público. No entanto, essa palavra pode tornar abstrato o que há de mais essencial na experiência digital. Afinal, por trás de cada clique existe uma pessoa com cultura, rotina, necessidades e emoções singulares. Quando o foco se restringe ao número de acessos, o aplicativo pode até crescer em popularidade, mas corre o risco de perder relevância.

Trabalhar em um aplicativo de alcance global reforça essa percepção. O comportamento de um brasileiro difere do de um francês, assim como o de um americano se distingue do de um argentino. Compreender o contexto de cada indivíduo, e não apenas o padrão de interação, transforma a maneira de projetar um fluxo, definir um botão ou priorizar uma entrega. Essa é a essência do design centrado no humano: pensar na experiência a partir das pessoas, e não das telas.

A responsabilidade na experiência do usuário

Em projetos digitais, é fácil se concentrar no código e negligenciar o impacto que ele gera. Um botão desalinhado pode parecer um detalhe insignificante para o desenvolvedor, mas pode ser crucial para o cliente concluir uma compra ou abandonar o aplicativo. Um erro simples em um momento sensível, como o acesso a um serviço de saúde ou a uma transação financeira, pode gerar frustração e minar a confiança. E a confiança é o alicerce que mantém um produto vivo.

Dessa forma, o cuidado com a experiência do usuário transcende a mera estética, tornando-se uma questão de responsabilidade e propósito. Cada aplicativo é criado para solucionar um problema específico. Quando essa lógica é ignorada, o produto perde o sentido. Por outro lado, quando é valorizada, o resultado é um ciclo de melhoria contínua que beneficia tanto o negócio quanto o usuário final.

O papel da IA e a sensibilidade humana

Mesmo com o avanço da inteligência artificial, esse princípio permanece inalterado. A IA pode auxiliar na escrita de trechos de código, propor soluções e acelerar entregas, mas não substitui a empatia, a interpretação de contexto e a compreensão da frustração humana. A sensibilidade de quem o constrói continua sendo o diferencial entre um aplicativo meramente funcional e um aplicativo verdadeiramente relevante.

Tendências e a importância do foco nas pessoas

O mercado de tecnologia vive um momento de múltiplas tendências, com espaço para o desenvolvimento nativo, o modelo cross-platform e as plataformas movidas por IA. No entanto, nenhuma dessas abordagens elimina a necessidade de priorizar as pessoas.

A inovação técnica só cumpre seu propósito quando melhora a vida do usuário. Esse é o elo comum entre todas as linguagens, frameworks e metodologias. Pensar nas pessoas não é apenas uma tendência passageira do design, mas sim o alicerce que sustenta qualquer produto digital que almeja longevidade.

Guilherme Vanz Aguirres, iOS Engineer da Gateware, reforça essa visão:

Pensar em pessoas não é uma moda do design. É o fundamento que sustenta todo produto digital que pretende durar.

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