A reforma tributária nos Estados Unidos, em discussão, promete alterar o ambiente fiscal e o comportamento das pequenas empresas. As mudanças envolvem a revisão de créditos e deduções corporativas, impactando empreendedores locais e estrangeiros, principalmente os brasileiros que atuam ou planejam investir no país.
Impacto da Revisão de Incentivos Fiscais
Segundo o Tax Policy Center, a revisão dos incentivos fiscais pode reduzir em US$ 180 bilhões o volume total de créditos disponíveis entre 2025 e 2030. O governo americano busca simplificar o sistema e diminuir brechas corporativas, mas a medida tende a afetar pequenas e médias empresas, que representam 99,9% dos negócios ativos nos EUA, de acordo com o Small Business Administration (SBA).
Para Fernanda Spanner, CEO da Spanner Consulting Group, o cenário exigirá adaptação e preparo técnico. “O governo americano tem reavaliado incentivos fiscais e benefícios antes amplamente acessíveis. Isso exige uma atuação mais estratégica dos empresários e contadores, porque as decisões tributárias agora envolvem muito mais planejamento e análise de impacto”, explica.
EUA Atraem Investimentos Estrangeiros
Os Estados Unidos continuam sendo o principal destino de investimento estrangeiro direto no mundo, com fluxo de US$ 355 bilhões em 2024, um aumento de 9% em relação ao ano anterior, conforme a Bloomberg Economics. Em contrapartida, o Brasil registrou entrada líquida de US$ 62 bilhões, uma queda de 14% no mesmo período, segundo o Banco Central.
Spanner destaca que a previsibilidade é o fator determinante dessa diferença. “O empresário americano sabe o que esperar do ambiente jurídico e fiscal. Já o brasileiro, muitas vezes, precisa lidar com mudanças tributárias que entram em vigor de forma abrupta, sem tempo hábil de adaptação. Essa instabilidade é o principal freio para o investimento e a expansão de empresas nacionais”, afirma.
Custos e Burocracia: Brasil vs. EUA
Nos Estados Unidos, manter uma empresa custa, em média, de US$ 300 a US$ 1.000 por ano, sem contar impostos e serviços contábeis. No Brasil, o custo mensal de uma microempresa pode ultrapassar R$ 5 mil, devido a encargos trabalhistas e obrigações acessórias, segundo o Sebrae. Além disso, o tempo necessário para iniciar as operações difere radicalmente: menos de uma semana nos EUA contra cerca de 40 dias no Brasil, conforme dados do Doing Business, do Banco Mundial.
“A burocracia brasileira ainda é um obstáculo real. Nos Estados Unidos, a confiança na autorresponsabilidade do empresário acelera o processo e reduz custos. No entanto, isso não significa que o sistema americano seja simples. Há regras específicas em cada estado, além de custos com seguros obrigatórios e conformidade regulatória que não podem ser ignorados”, alerta Spanner.
Oportunidades para Contadores Internacionais
De acordo com Spanner, a reforma tributária em curso nos EUA traz novas oportunidades para profissionais e empresas que dominam a contabilidade internacional. “As alterações em créditos fiscais e incentivos exigirão atualização constante e uma visão mais global dos negócios. O profissional que compreender essas mudanças estará à frente na prestação de serviços a empresas que operam entre Brasil e Estados Unidos”, afirma.
Relevância Estratégica do Contador
A especialista observa que, diante da reconfiguração do ambiente tributário global, o contador ganha relevância estratégica na tomada de decisão. “O papel da contabilidade vai muito além do cálculo de impostos. Trata-se de orientar empresas sobre como crescer com segurança e eficiência em um cenário regulatório cada vez mais dinâmico”, conclui.






