A inteligência artificial (IA) transformou a rotina de muitos profissionais no Brasil. De acordo com o “Índice de Tendências de Trabalho” da Microsoft e LinkedIn, 83% dos trabalhadores utilizam IA diariamente. Seja com copilotos, ferramentas de geração de conteúdo ou automações simples, a IA agiliza tarefas repetitivas e aumenta a produtividade. No entanto, nas organizações, a adoção ainda enfrenta barreiras. Uma pesquisa da ISC² mostrou que 45% das empresas ainda não possuem uma estratégia definida para incorporar a tecnologia, perdendo o potencial da IA para inovação e competitividade.
Adoção individual versus adoção organizacional
Essa disparidade ocorre porque a adoção individual é mais rápida que a organizacional. Enquanto os indivíduos experimentam e aprendem rapidamente, muitas empresas permanecem presas a modelos de governança tradicionais, com burocracias e receios. A preocupação com a proteção de dados, embora legítima, pode levar à estagnação, enquanto outras organizações avançam criando ambientes de experimentação corporativa com agentes e ferramentas de IA.
Investimentos em IA devem crescer
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Software (ABES), os investimentos em IA devem alcançar US$ 2,4 bilhões em 2025, um crescimento de 30% em relação a 2024. Esse aumento é impulsionado principalmente por IA generativa e agentes autônomos. Essa evolução não só aumenta a relevância da tecnologia, mas também redefine estruturas e processos, transformando a IA em um parceiro decisório. A IA passa a resolver problemas, gerar valor e contribuir diretamente para operações mais ágeis e descentralizadas. A aceleração da IA redefine o papel das empresas: não basta adotar ferramentas, é preciso integrar a tecnologia à cultura e à estratégia, promovendo colaboração entre humanos e máquinas.
Novos modelos de operação
Nesse cenário, as empresas precisarão se adaptar a novos modelos de operação, onde agentes de IA atuam como membros das equipes. O futuro do trabalho será colaborativo: máquinas aumentando a produtividade e qualidade, e pessoas focadas em atividades de maior impacto e valor. Além disso, a IA oferece a oportunidade de otimizar processos e liberar os colaboradores para tarefas mais estratégicas.
No entanto, a aceleração da IA traz desafios para as lideranças. Mais do que dominar ferramentas, é necessário reorganizar processos, cultura e estrutura da empresa, colocando a IA no centro da estratégia. Isso exige compreender o impacto da tecnologia, cultivar uma mentalidade de experimentação e ter coragem para sair da zona de conforto.
Capacitação da liderança
Embora exista conteúdo open source disponível, a capacitação da alta liderança requer programas direcionados e práticos, alinhados à realidade de cada organização. Abordagens guiadas, com mentoria especializada, são essenciais para preparar executivos a tomar decisões estratégicas sobre investimentos e adoção de IA, equilibrando riscos, impulsionando a inovação e potencializando o capital humano.
Impacto na experiência do colaborador
O impacto da IA na experiência do colaborador também é significativo. Quando bem implementada, a tecnologia libera espaço mental, reduz tarefas operacionais e abre margem para criatividade e inovação. Mas isso só acontece em culturas de confiança, que incentivam a experimentação e o aprendizado contínuo.
O futuro do trabalho será definido pela capacidade dos gestores de orquestrar a colaboração entre humanos e máquinas, integrando tecnologia à estratégia, à cultura e ao desenvolvimento de talentos. Organizações que alinharem investimentos, governança e capacitação estarão prontas para transformar o potencial da IA em resultados concretos. Quem não se adaptar corre o risco de perder relevância, enquanto aqueles que abraçarem a colaboração homem-máquina terão vantagem competitiva sustentável.
*Eduarda Sousa é cofundadora e CMO da Loomi, empresa especializada em Inteligência Artificial e Transformação Digital
