A indústria de bebidas prontas está sob pressão para criar fórmulas mais limpas e utilizar ingredientes naturais. O mercado, ainda dominado por ultraprocessados que simulam chás e bebidas naturais com bases industriais e aditivos químicos, começa a se reinventar.
A busca por rótulos limpos
Essa transformação ocorre em resposta a evidências científicas que associam o consumo de produtos ultraprocessados a doenças cardiovasculares e metabólicas. Iniciativas como a da Talchá, que desenvolve chás gaseificados a partir de infusões reais e ingredientes íntegros, exemplificam o avanço do movimento clean label.
No Brasil, esse segmento cresce cerca de 12% ao ano, refletindo uma mudança clara de comportamento: consumidores mais conscientes buscam rótulos curtos, fórmulas simples e uma relação mais honesta entre o que se promete e o que se entrega.
O mercado de bebidas prontas ainda é dominado por produtos ultraprocessados que combinam conveniência e forte apelo de marketing, mas escondem fórmulas extensas e pouco transparentes. Rótulos de “chás gelados” e “bebidas naturais” frequentemente incluem acidulantes, corantes, estabilizantes, aromatizantes e adoçantes sintéticos. Em muitos casos, o processo de infusão é substituído por bases industriais, o que compromete o valor nutricional e o sabor original das ervas.
Impacto na saúde
Pesquisas recentes reforçam o impacto desse padrão de consumo. Um estudo publicado no British Medical Journal (2024), com mais de 45 mil participantes, observou que o alto consumo de produtos ultraprocessados está associado a maior incidência de doenças cardiovasculares e hipertensão. Outro levantamento, realizado pelo programa francês NutriNet-Santé, indicou que a exposição contínua a misturas de aditivos alimentares, como emulsificantes e corantes, eleva o risco de diabetes tipo 2 mesmo em dietas com baixo teor de açúcar.
Grande parte das bebidas que se apresentam como chás prontos não passa por um processo real de infusão. São compostas por aromatizantes e conservantes que alteram o perfil antioxidante e reduzem o potencial anti-inflamatório das plantas. O consumo contínuo desses aditivos também pode interferir na microbiota intestinal e comprometer o metabolismo.
— Dani Cyrulin, nutricionista especialista da Talchá
Alternativas naturais ganham espaço
A Talchá passou a investir em um modelo de produção mais transparente com sua linha de chás gaseificados naturais, elaborados a partir de infusões reais de folhas, flores e frutas. O dulçor é proveniente do suco de maçã concentrado, e o equilíbrio da acidez é obtido com suco de limão natural, substituindo os compostos químicos comuns no setor.
A formulação curta e o uso de ingredientes íntegros respondem ao crescimento do movimento clean label, tendência global que valoriza produtos com rótulos simples, reconhecíveis e livres de aditivos desnecessários.
No Brasil, segundo dados da Euromonitor International, o mercado de alimentos e bebidas com perfil clean label cresce em média 12% ao ano, impulsionado por consumidores que associam clareza de composição e origem natural a bem-estar e credibilidade. Essa mudança de comportamento tem levado marcas a rever seus processos e reformular produtos para atender a uma geração mais informada e exigente.






