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Equilíbrio financeiro: 6 dicas em tempos de instabilidade

Equilíbrio financeiro: 6 dicas em tempos de instabilidade

O cenário econômico de 2025 impõe às PMEs um grande desafio: como preservar a liquidez e, ao mesmo tempo, manter uma trajetória de crescimento em meio a juros elevados e um crédito fragilizado. O Comitê de Política Monetária (Copom) optou por manter a taxa Selic em 15% ao ano, durante reunião em setembro de 2025. Segundo a Agência Brasil, incertezas externas e desafios domésticos justificam a manutenção dos juros neste patamar.

Inadimplência recorde

Dados da Serasa Experian revelam um recorde preocupante: 7,7 milhões de CNPJs negativados, acumulando dívidas que somam R$ 182,4 bilhões. Esses números refletem um cenário de maior custo e risco no acesso ao crédito para as PMEs, que encontram dificuldades para planejar suas operações e suportar oscilações inesperadas.

Para Thiago Oliveira, CEO da Saygo, holding especializada em comércio exterior, câmbio e tecnologia financeira, o problema reside mais na execução do que na informação. “O excesso de dados e a falta de método paralisam. Decisões financeiras inteligentes exigem previsibilidade e rotina, não improviso”, afirma.

Como lidar com os desafios e a sazonalidade?

A principal vulnerabilidade das pequenas empresas reside na falta de estrutura para enfrentar períodos de baixa receita. A sazonalidade, comum em setores como varejo, agronegócio e serviços, gera picos de fluxo de caixa, seguidos por períodos de escassez. “Sem um planejamento que antecipe esses ciclos, o empresário acaba tomando crédito caro e desequilibrando todo o orçamento”, explica Oliveira.

O especialista recomenda mapear os fluxos mensais de entrada e saída, projetando dois cenários: um base e outro conservador, com receitas até 10% menores que a média histórica. “Também é recomendável manter uma reserva de liquidez capaz de cobrir de um a dois meses de despesas fixas e renegociar prazos com fornecedores em períodos de menor faturamento”, ressalta.

Além disso, negócios que operam com exposição cambial, como importadoras, exportadoras ou empresas que compram insumos dolarizados, devem adotar mecanismos de proteção. Segundo relatório da Confederação Nacional da Indústria (CNI), 57% das exportadoras apontaram o câmbio como principal gargalo de 2024. “Mesmo as pequenas empresas podem adotar estratégias simples de proteção cambial, como travar parte das operações em dólar ou manter contas em moeda estrangeira. Essas medidas reduzem a volatilidade e ajudam a preservar a margem de lucro”, completa o CEO da Saygo.

Indicadores para orientar as decisões

De acordo com Oliveira, a previsibilidade nasce de métricas simples. Margem de contribuição ajustada, índice de liquidez corrente, giro de estoques e percentual de inadimplência interna são indicadores que permitem decisões rápidas, sem depender de relatórios complexos. “Empresário não precisa de dashboard sofisticado, precisa de clareza. Saber onde está o problema é o primeiro passo para corrigi-lo antes que vire crise”, resume.

Ferramentas digitais também podem ajudar. Plataformas de controle de caixa automatizado e inteligência de dados já permitem que PMEs projetem cenários de curto prazo, identifiquem desvios e reajam com mais agilidade. “Quando o gestor tem acesso fácil a dados operacionais, evita decisões emocionais e ganha tempo para agir estrategicamente”, completa o executivo.

Construindo uma rotina financeira

A recomendação é adotar um orçamento flexível, com revisões mensais, e realizar projeções de fluxo de caixa a cada quinze dias, para acompanhar as mudanças no cenário financeiro. Outra prática eficaz é a análise de variações. Afinal, toda diferença relevante entre o previsto e o realizado deve gerar uma reunião rápida para correção de rota.

Financeiramente, a improvisação custa caro. Empresas que mantêm disciplina no controle de caixa e planejamento crescem de forma mais sustentável, mesmo em tempos de câmbio instável e juros altos.

— Thiago Oliveira, CEO da Saygo

Dicas do especialista:

  • Planeje o caixa com antecedência: Elabore projeções mensais de entradas e saídas, considerando sazonalidades e possíveis atrasos.
  • Mantenha uma reserva de liquidez: O ideal é ter capital para cobrir de 30 a 60 dias de despesas fixas.
  • Defina indicadores simples: Acompanhe margens, inadimplência e liquidez semanalmente para evitar decisões por intuição.
  • Negocie com fornecedores: Alongue prazos e evite comprometer o capital de giro em meses de menor receita.
  • Evite improvisos: Revisões quinzenais do orçamento ajudam a antecipar gargalos e corrigir desvios antes que impactem o caixa.
  • Use a tecnologia a favor da previsibilidade: Plataformas automatizadas e relatórios inteligentes permitem agir com base em dados e não em percepções.
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