Após a megaoperação no Rio de Janeiro, que resultou em diversas mortes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva solicitou a participação da Polícia Federal (PF) na investigação. O objetivo, segundo ele, é garantir rigor técnico e transparência na apuração dos fatos.
Investigação Independente
Em entrevista, Lula classificou a operação como “desastrosa” e “matança”, defendendo uma investigação independente com legistas da PF para apurar as circunstâncias das mortes. Além disso, o presidente ressaltou que a ordem judicial era de prisão, não de execução, e que é crucial verificar as condições em que a operação foi realizada.
A operação, que tinha como alvo integrantes da facção Comando Vermelho, resultou em um número recorde de mortes. Apesar disso, o governador Cláudio Castro a classificou como um sucesso, alegando que as vítimas eram criminosos. No entanto, a repercussão levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a determinar a preservação das perícias para controle externo pelo Ministério Público.
O papel da perícia médica
Com a polêmica sobre a condução das necropsias, a médica Caroline Daitx, especialista em medicina legal, defende que a discussão seja pautada pela técnica. Para ela, a perícia médica não depende apenas de quem a realiza, mas de como é feita.
Médicos legistas da polícia científica realizam necropsias diariamente, inclusive em casos de confronto. A imparcialidade vem do rigor técnico, não da troca de instituição. É o método que garante a confiança no resultado, não o crachá.
— Caroline Daitx, especialista em medicina legal e perícia médica
Excluir legistas estaduais seria um erro
Daitx alerta que excluir os legistas estaduais seria um equívoco, questionando como ficariam os casos de menor proporção se a PF atuasse apenas em grandes operações. “É o mesmo que declarar todos os legistas estaduais como inaptos, e isso simplesmente não é verdade”, afirma.
Ademais, a especialista ressalta que a perícia não se trata de opinião ou disputa de poder, mas sim de ciência e prova técnica imparcial. “Se não for feita com autonomia técnica, pode ser invalidada”, conclui.
Apuração rigorosa
A forma como as perícias serão conduzidas é crucial para a credibilidade da investigação. Organismos internacionais, como a ONU, já solicitaram uma apuração independente e a preservação da cadeia de custódia, diante de denúncias de possíveis execuções sumárias e violações de direitos humanos durante a operação.






