A automação no marketing nunca foi tão eficiente, mas também nunca representou tantos desafios. Em um cenário onde a personalização se tornou uma prioridade, as empresas enfrentam a delicada questão de como criar experiências únicas e relevantes sem comprometer a privacidade dos consumidores. Afinal, os clientes estão cada vez mais atentos ao uso de seus dados, e as regulamentações se tornam mais rigorosas, o que impõe um dilema crucial ao marketing digital.
O equilíbrio entre personalização e privacidade
Uma pesquisa da McKinsey & Company revelou que 71% dos consumidores esperam interações personalizadas com as marcas. No entanto, 76% se frustram quando essa expectativa não é atendida. Além disso, empresas que investem em personalização estratégica podem gerar até 40% mais receita em comparação com seus concorrentes. O desafio reside em lidar com dados sensíveis, o que exige cuidado técnico, transparência e bom senso.
Luiz Santos, fundador da Unnichat, plataforma de CRM e automações via API oficial do WhatsApp, acompanha essa discussão de perto. O especialista em estratégias digitais, com foco em automação, inteligência artificial e comunicação em escala, defende que “automatizar bem hoje é tão importante quanto saber até onde automatizar”. Para ele, o risco não está apenas no mau uso da tecnologia, mas também na falta de estratégia ao tratar dados como meras métricas.
A importância do consentimento na personalização
O avanço da inteligência artificial e das ferramentas de automação possibilitou a personalização de mensagens com base em diversos fatores, como comportamento, localização, histórico de compra e até mesmo o momento do dia. Contudo, essa personalização só se torna eficaz quando o cliente sente que possui controle sobre o processo. “Se o usuário não entende por que está recebendo determinada mensagem, ou se sente invadido, a marca perde valor instantaneamente”, alerta o empresário.
A busca por um equilíbrio envolve um conceito em ascensão no marketing: a personalização com consentimento. Isso significa ser transparente sobre como os dados são utilizados, permitir que o cliente escolha o tipo de comunicação que deseja receber e oferecer valor real em troca. “Quando a automação respeita o tempo, o perfil e o contexto do cliente, ela deixa de ser uma máquina de envio e se torna uma ferramenta de relacionamento”, explica Luiz.
Privacy-First Personalization
Além disso, observa-se um crescente uso de estratégias como a privacy-first personalization, uma abordagem que prioriza o respeito à privacidade, mesmo em fluxos automatizados. Uma análise publicada pelo CMSWire aponta que essa prática ganha força entre empresas que buscam se destacar não apenas pela eficácia de suas mensagens, mas também pela ética no uso dos dados.
LGPD e o impacto nas estratégias de automação
No Brasil, a relevância desse tema aumenta à medida que a LGPD avança na regulamentação e fiscalização das empresas. Automações mal configuradas, sem consentimento explícito ou com coleta exagerada de dados podem comprometer a imagem da marca e gerar sanções legais.
Luiz Santos ressalta que a tecnologia deve ser um meio, não um fim. “O que fideliza o cliente não é o volume de mensagens, mas o quanto elas fazem sentido para ele. A personalização não pode parecer vigilância, mas sim cuidado.”
Em última análise, personalizar com inteligência e respeito deixou de ser um diferencial. Agora, é uma condição básica para que qualquer automação funcione e traga resultados. O desafio para as empresas é se tornarem mais eficientes com IA e dados, mas também mais humanas e transparentes no processo.
O que fideliza o cliente não é o volume de mensagens, e sim o quanto elas fazem sentido para ele. A personalização não pode parecer vigilância. Tem que aparentar cuidado.
— Luiz Santos, fundador da Unnichat






