Home / Finanças / Banco Master: entenda a liquidação extrajudicial e o papel do FGC

Banco Master: entenda a liquidação extrajudicial e o papel do FGC

Banco Master: entenda a liquidação extrajudicial e o papel do FGC

O Banco Central (BC) decretou a liquidação extrajudicial do Banco Master. O processo tem como objetivo encerrar as operações da instituição financeira, vender seus ativos e pagar os credores na ordem estabelecida por lei.

A seguir, detalhamos os pontos essenciais do processo, a proteção oferecida pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC) e os impactos para clientes e credores, conforme informações fornecidas por Patricia Maia, sócia do Barbosa Maia Advogados.

Como funciona a proteção do FGC?

O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) é o principal mecanismo de proteção para investidores e clientes.

Garantia: O FGC garante até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ, por instituição financeira.

Produtos Cobertos:

  • CDBs (Certificados de Depósito Bancário)
  • LCIs (Letras de Crédito Imobiliário)
  • LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio)
  • Poupança
  • Letras de Câmbio
  • Depósitos à vista e contas-salário

Para investidores de CDBs, a garantia de R$ 250 mil inclui o valor aplicado mais os juros acumulados até a data da liquidação.

Valores superiores ao limite de R$ 250 mil deverão ser cobrados na Justiça e serão pagos pela massa falida do banco, um processo que pode levar tempo.

A estimativa é que o FGC terá que desembolsar entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões para cobrir os depósitos elegíveis. A lista de credores deve ser publicada em até 30 dias.

Entenda o processo de liquidação extrajudicial

A liquidação é determinada pelo Banco Central quando a instituição financeira não tem condições de funcionar.

O Banco Central conduz a liquidação, nomeando um liquidante que assume o controle, afastando os administradores e encerrando as operações.

Suspensão de atividades e vencimento antecipado

Os efeitos imediatos incluem a interrupção das atividades do Banco e a suspensão de todas as ações e execuções judiciais movidas contra a instituição. Novos processos não podem ser ajuizados, e os credores devem habilitar seus créditos no processo de liquidação.

Todas as obrigações da instituição financeira são consideradas antecipadamente vencidas.

Pagamento aos credores

O liquidante arrecada e vende os ativos para pagar as dívidas e credores. O objetivo principal é o pagamento ordenado, com os critérios estabelecidos pela Lei nº 6.024/74 e, subsidiariamente, a Lei nº 11.101/05 (Lei de Recuperação Judicial e Falências).

Se o liquidante constatar que as medidas são insuficientes, o Banco Central pode autorizá-lo a requerer a falência.

Impactos operacionais para clientes

A orientação é que pagamentos (parcelas de empréstimos, financiamentos, etc.) sejam feitos normalmente nas datas de vencimento e através dos canais habituais, a menos que o liquidante forneça novas instruções formais.

Quem deve dinheiro ao Banco Master continua pagando normalmente. Bancos em liquidação podem continuar recebendo valores pagos por tomadores de empréstimos.

Saques e transferências

Os saques estão suspensos, entrando na regra dos R$ 250 mil garantidos pelo FGC.

Responsabilização dos gestores

A liquidação extrajudicial acarreta sérias consequências para os ex-administradores e controladores.

Bloqueio de bens e investigações

Os bens dos ex-administradores ficam indisponíveis, como medida cautelar para garantir a recomposição do patrimônio e o ressarcimento de prejuízos. Os bens permanecem bloqueados durante o período de liquidação e até a liquidação final.

Além disso, inquéritos administrativos e investigações criminais pela Polícia Federal e processos administrativos pela CVM podem levar à responsabilização dos gestores pela crise e prática de outros crimes.

Se o processo investigatório trouxer elementos contundentes de dolo (intenção de fraudar ou enganar), configurando uma gestão fraudulenta e temerária, os ex-administradores poderão ser responsabilizados criminal e civilmente pelos atos praticados. O crime é passível de aplicação de pena de reclusão e multa, além de sanções administrativas (multas pecuniárias, inabilitação para cargos de direção, etc.).

— Patricia Maia, sócia do Barbosa Maia Advogados

Ainda, a liquidação do Banco Master já desencadeou uma revisão e um reforço nas regras do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), principalmente devido ao volume sem precedentes de depósitos que poderiam ser acionados.

Marcado:

Deixe um Comentário