A COP 30, conferência climática em Belém, já é alvo de desinformação impulsionada por inteligência artificial e teorias da conspiração. É o que revela um levantamento da Tistto, plataforma de monitoramento de riscos digitais, que analisou mais de 10 mil menções online durante o primeiro dia do evento.
Vídeos falsos e alegações enganosas
De acordo com a análise, 1.114 menções foram classificadas como fake news ou fraudulentas. Além disso, foram identificadas 5.120 menções positivas, 3.071 neutras e 2.527 negativas.
Entre as principais alegações enganosas, destaca-se um vídeo de uma suposta inundação em Belém, apresentado como “a verdade sobre a COP 30”, que foi identificado como conteúdo gerado por inteligência artificial.
Narrativas conspiratórias também ganharam força nas redes sociais. Uma delas sugeria uma correlação entre a COP 30 e os tornados registrados no Paraná. Outra linha de desinformação envolveu imagens manipuladas, como uma foto do presidente Lula conversando com uma parede durante a conferência, e alegações falsas sobre encontros políticos que não ocorreram.
Ataques ao Presidente Lula
Além disso, circulou um boato com alto volume de menções envolvendo a imagem adulterada de um deputado português supostamente acusando o presidente Lula de corrupção, o que não aconteceu.
A sofisticação da desinformação
Para Beatriz Duarte, fundadora e CEO da Tistto, o monitoramento reforça como a desinformação se torna mais sofisticada durante grandes eventos. “Estamos vendo uma nova fase das fake news, com uso de IA”, explica. Segundo ela, o volume e a velocidade das publicações exigem respostas automáticas e verificações em tempo real. “A melhor defesa hoje é a tecnologia e é preciso haver transparência e consequência sobre o que é falso”, completa.
Estamos vendo uma nova fase das fake news, com uso de IA. A melhor defesa hoje é a tecnologia e é preciso haver transparência e consequência sobre o que é falso.
— Beatriz Duarte, fundadora e CEO da Tistto
Narrativas negativas e exageradas
O levantamento identificou ainda a recorrência de narrativas negativas ou exageradas, como a suposta “baixa adesão de países-chave”, considerada exagerada, já que, apesar da ausência do governo dos Estados Unidos, o evento registrou ampla participação internacional, incluindo negociadores, líderes representativos, governadores e prefeitos.
Ademais, o monitoramento da Tistto também detectou generalizações baseadas em casos pontuais, como relatos sobre problemas de alimentação no evento que foram ampliados para sugerir um colapso logístico geral.
“Nossa tecnologia monitora a web em 74 idiomas e cruza informações de dezenas de fontes para identificar e neutralizar conteúdos falsos em tempo real. Na COP 30, conseguimos mapear como a desinformação se organiza e se espalha, permitindo uma resposta rápida”, explica Beatriz Duarte.






