No Dia do Empreendedorismo Feminino, conheça iniciativas lideradas por mulheres que geram impacto social positivo. O Brasil ultrapassou recentemente a marca de 10,4 milhões de mulheres empreendedoras, segundo levantamento do Sebrae com base em dados do IBGE. Este número representa um crescimento de 42% em pouco mais de uma década, refletindo a força e a resiliência de mulheres que constroem negócios próprios, muitas vezes com pouco acesso a crédito, redes e formação.
Empreendedorismo social feminino: união de propósito e impacto
Além dos números da economia, há uma face ainda mais potente desse movimento: a do empreendedorismo social feminino, que une inovação e propósito para gerar impacto real nas comunidades. Liderando projetos que enfrentam desigualdades, promovem justiça social e impulsionam soluções sustentáveis, essas mulheres empreendedoras sociais estão à frente de negócios que não visam apenas lucro, mas transformação.
Programas como o Prêmio Legado de Empreendedorismo Social reconhecem e apoiam essas lideranças femininas, valorizando trajetórias que fazem do empreendedorismo uma ferramenta de mudança, seja na promoção de educação, saúde, meio ambiente ou geração de renda em contextos vulnerabilizados. Em um país onde o empreendedorismo feminino ainda enfrenta barreiras estruturais, fortalecer as empreendedoras sociais é investir em um futuro mais justo, inclusivo e inovador.
Em 2025, seis das sete iniciativas vencedoras do Prêmio Legado de Empreendedorismo Social são lideradas por mulheres, sendo três de Curitiba (PR), uma de Cananéia (SP), uma de Poços de Caldas (MG) e outra da região do Vale do Ribeira (SP). As causas representadas contemplam inclusão de pessoas com deficiência, justiça climática, cultura caiçara, economia criativa, segurança do paciente e educação ambiental. As soluções vão desde oficinas de brinquedos com madeira reaproveitada até plataformas digitais, escolas náuticas e gráficas sociais. As premiadas receberam investimento entre R$ 8.500 e R$ 10 mil para expansão de impacto.
Iniciativas de destaque
Conheça cada uma das iniciativas:
Marapé Escola Náutica (SP)
Criada em Cananéia, no litoral sul de São Paulo, a Marapé Escola Náutica trabalha com juventude, território e patrimônio cultural. O projeto oferece aulas gratuitas de canoagem e navegação à vela para jovens de 12 a 18 anos em contraturno escolar. A metodologia integra educação ambiental, com foco em conservação e biodiversidade, educação patrimonial, reforçando o pertencimento à cultura caiçara, desenvolvimento socioemocional, com autonomia, disciplina e cooperação.
Mais de 50 jovens já foram formados pela escola, que atua para combater a desvalorização do território e fortalecer perspectivas de futuro para as juventudes da região.
O Legado reforçou que vale a pena continuar sonhando e esses sonhos não são só meus, são de toda uma comunidade — Eduarda Helena, fundadora.
Dando Voz ao Coração (PR)
Fundada por mães que vivenciaram situações adversas em UTIs pediátricas, a organização atua em três frentes: acolhimento às famílias em luto ou em sofrimento intenso, advocacy, com sete leis sancionadas no Paraná e capacitação de profissionais de saúde, com foco em segurança do paciente.
Uma das conquistas é a Lei Isabel, que garante prioridade no atendimento para mulheres gestantes de alto risco, em homenagem à filha de Roberta Lopes Guizzo, que nasceu com problemas de saúde devido à ausência do diagnóstico precoce de diabetes da mãe durante a gestação. A menina faleceu 1 ano depois.
O projeto levado ao Legado capacitou quase 80 profissionais da saúde e fortaleceu a articulação institucional do grupo.
Existe uma Dando Voz ao Coração antes e depois do Legado. Ele ampliou nossa visão e nossa capacidade de atuação — Roberta, fundadora.
Emporium Handmade (PR)
Pioneiro em Curitiba, o Emporium Handmade é um espaço exclusivo para marcas autorais, artesãos e pequenos empreendedores criativos que historicamente enfrentam desvalorização e falta de visibilidade. Desde sua criação, há 11 anos, o projeto já realizou mais de 60 festivais, conectou 3.900 marcas e recebeu 114 mil visitantes, gerando mais de 23 mil empregos diretos e indiretos.
Além dos eventos, o Emporium fortalece seu ecossistema com formação, visibilidade, redes de apoio e empoderamento.
O Legado trouxe clareza de propósito e fortaleceu nossa atuação. É um divisor de águas para o Emporium — Meroly Felizardo, fundadora.
Dizaterra (PR)
A iniciativa nasceu para enfrentar simultaneamente a crise climática e a crise da desinformação, com a juventude no centro. A dizaterra produz conteúdo socioambiental para Instagram e TikTok, traduzindo termos técnicos, trazendo dados e contextualizando debates sobre biodiversidade, justiça climática e soluções locais.
Os conteúdos já mobilizam jovens que relatam ter compreendido temas ambientais pela primeira vez, o que confirma a efetividade da comunicação proposta. O próximo passo é expandir o impacto por meio de oficinas de jornalismo socioambiental para jovens de periferias de Curitiba e Região Metropolitana, incentivando que eles mesmos contem as histórias de seus territórios, desde denúncias ambientais até práticas de resiliência climática.
O Legado me devolveu a autoconfiança e reforçou que a juventude é parte da solução climática — Lígia Takau, fundadora.
Associação dos Deficientes Físicos de Poços de Caldas – ADEFIP (MG)
Com 38 anos de atuação, a ADEFIP é hoje uma referência regional em reabilitação, capacitação e inclusão de pessoas com deficiência. A organização atende mais de 400 pessoas e realiza 6 mil atendimentos mensais gratuitos em quatro eixos: centro de reabilitação clínica, centro de inclusão escolar, centro de desenvolvimento de potenciais e centro de inclusão profissional.
Foi nesse último eixo que nasceu a Inclusiva Print, gráfica social que emprega pessoas com deficiência e produz brindes, materiais e produtos personalizados. A gráfica atua como ponte entre a reabilitação e a autonomia profissional, fortalecendo autoestima, pertencimento e renda.
O Legado nos fez furar a bolha para enxergar sustentabilidade e expansão. Essa caminhada foi transformadora — Ana Paula Tranche, presidente.
Brincando de Fabricar Brinquedos (SP)
Criado no Vale do Ribeira, o projeto transforma madeira de reuso, especialmente caixas de transporte de frutas que muitas vezes seriam descartadas, em brinquedos educativos. A iniciativa funciona por meio de oficinas itinerantes em que as próprias crianças fabricam seus brinquedos, substituindo a lógica do consumo pela lógica da autoria e da criatividade.
O modelo financeiro também promove inclusão: a cada duas oficinas pagas, uma é oferecida gratuitamente em comunidades rurais da região, ampliando o acesso ao brincar e ao aprendizado. O projeto já validou a metodologia em áreas urbanas e agora prepara sua expansão para 145 comunidades rurais do território.
Achávamos que só fazíamos brinquedos. Aqui entendemos que fazemos impacto social — Sueli Martins, fundadora.






