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Ernesto Mané lança livro ‘Antes do Início’ no Rio de Janeiro

Ernesto Mané lança livro 'Antes do Início' no Rio de Janeiro

O físico e diplomata guineense e brasileiro Ernesto Mané lança no Rio de Janeiro seu livro Antes do Início, publicado pela Tinta-da-China Brasil. Os eventos de lançamento ocorrem durante o Mês da Consciência Negra, período dedicado à reflexão sobre identidade, diáspora e pertencimento – temas centrais da obra.

Programação de lançamento

No dia 20, Dia Nacional da Consciência Negra, às 18h, na Flup (Festa Literária das Periferias), Mané mediará a mesa “Beco da Memória – The Future of the Past”. Participam Ana Maria Gonçalves, escritora e primeira mulher negra a integrar a Academia Brasileira de Letras, e Fred Kuwornu, cineasta, produtor e educador ítalo-ganês.

No dia 21, às 19h, o autor lança o livro na Livraria da Travessa Botafogo. A mediação será de Ynaê Lopes, doutora em história social pela USP e professora da UFF, e Celso Rocha de Barros, cientista político, colunista da Folha de S.Paulo e apresentador do podcast Foro de Teresina.

A trajetória do autor

Nascido em João Pessoa, Ernesto Mané possui doutorado em física nuclear pela Universidade de Manchester e é diplomata de carreira desde 2014. Em 2018, foi reconhecido pelo Mipad (Most Influential People of African Descent) como um dos cem afrodescendentes mais influentes do mundo com menos de quarenta anos. Atualmente, serve na Embaixada do Brasil em Buenos Aires.

A busca pela identidade em ‘Antes do Início’

Em seu livro de estreia, Mané narra a experiência de 2010, quando viajou para Guiné-Bissau em busca de suas raízes familiares. Hospedado na casa de parentes em Bissau, ele mergulhou nas tradições e crenças locais, convivendo com seus avós, tios, irmãos, primos e sobrinhos. Além disso, visitou os avós no interior, atuando como mediador em conflitos familiares marcados pela ausência paterna.

A narrativa oscila entre o otimismo em relação ao potencial cultural e político do país e o desalento diante do destino trágico da África pós-colonial. Curiosamente, nas ruas de Bissau, Mané foi tratado como branco pela primeira vez, devido ao seu modo de se vestir, falar e se comportar.

Reflexões sobre racismo e pertencimento

Quinze anos após a viagem, Mané elabora suas respostas ao racismo internalizado nas memórias de infância. Buscando resistir a essa violência histórica e reconstruir sua identidade, o autor se aproxima do pai. Entre as decisões tomadas durante a viagem, destaca-se o pedido da dupla cidadania guineense e brasileira.

As questões pessoais se expandem para reflexões filosóficas e universais sobre identidade e pertencimento. Em outras palavras, o autor se pergunta quem somos, de onde viemos e para onde vamos como corpos negros no mundo.

Kalaf Epalanga, escritor e curador angolano, descreve o livro como uma “obra rara”.

A grande tragédia africana é narrada na mesma frequência de autores como Ta-Nehisi Coates ou Mia Couto.

— Kalaf Epalanga, escritor e curador angolano

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