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Escritórios de advocacia: falta de gestão ameaça futuro em 2026

Escritórios de advocacia: falta de gestão ameaça futuro em 2026

A falta de gestão estruturada surge como um dos principais riscos à sobrevivência dos escritórios de advocacia no Brasil em 2026. O país possui 1,37 milhão de advogados registrados na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), conforme levantamento divulgado em novembro de 2023. Além disso, enfrenta um Judiciário sobrecarregado, com 84 milhões de processos em tramitação e um tempo médio de quatro anos e três meses até a conclusão, segundo o relatório Justiça em Números 2024, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Impacto da falta de gestão

Apesar da dimensão do mercado, muitos escritórios ainda operam sem métricas de desempenho, processos padronizados ou controle rigoroso de custos. O resultado é um ambiente de baixa rentabilidade e alta rotatividade de profissionais.

De acordo com o estudo PerfilADV, elaborado pela OAB em parceria com a Fundação Getulio Vargas, mais de 50% dos advogados brasileiros recebem menos de cinco salários mínimos mensais, enquanto apenas 4,93% ganham acima de 20 salários mínimos. Essa disparidade evidencia o impacto da ausência de práticas empresariais em um setor historicamente técnico e pouco voltado à administração.

A advocacia brasileira foi formada para litigar, não para gerir. Muitos escritórios ainda confundem volume de processos com crescimento, quando o que sustenta o negócio é previsibilidade e margem.

— Cristiano Ferreira, especialista em negócios jurídicos

Desafios e soluções para escritórios de advocacia

Cristiano Ferreira, fundador do Grupo Advogado 10X, que lidera a maior comunidade de negócios jurídicos do país, com mais de 25 mil profissionais, destaca que a falta de planejamento estratégico e de delegação eficiente gera gargalos operacionais. Ele ressalta ainda que o advogado brasileiro centraliza tudo, querendo revisar, decidir e executar sozinho.

Sem gestão, o escritório cresce desordenado e perde capacidade de entrega. Ferreira complementa que nenhuma Inteligência Artificial (IA) resolve um escritório desorganizado: “Primeiro vem o processo, depois vem o prompt”.

Adoção de Inteligência Artificial

Um levantamento divulgado pela plataforma Jusbrasil em 2024 indica que 55,1% dos profissionais de Direito já utilizam ferramentas de inteligência artificial generativa em atividades diárias, como análise de documentos e pesquisa jurídica. O dado revela um movimento de modernização, mas também expõe a necessidade de políticas de governança e validação humana para evitar erros e riscos éticos.

Além disso, a ausência de gestão compromete o posicionamento e a reputação dos escritórios. “Gestão é o que separa o advogado autônomo do empreendedor jurídico. Quem não mensura não melhora”, afirma Ferreira.

Pilares para o futuro dos escritórios

Para 2026, o especialista recomenda que os escritórios invistam em três pilares: governança financeira, tecnologia aplicada e gestão de pessoas. O primeiro envolve controle rigoroso de custos, precificação e fluxo de caixa. O segundo, automação de tarefas repetitivas e uso seguro de inteligência artificial. O terceiro, liderança horizontal com delegação e metas de desempenho.

O CNJ aponta que o tempo médio de tramitação dos processos judiciais no Brasil permanece em mais de quatro anos, uma lentidão que, segundo Ferreira, também reflete a falta de eficiência organizacional dentro dos escritórios.

A profissionalização é o único caminho para equilibrar qualidade técnica com rentabilidade. O advogado que não dominar gestão em 2026 estará fora do jogo.

— Cristiano Ferreira, especialista em negócios jurídicos

A tendência é que o mercado jurídico repita o movimento de outros setores, com escritórios menores se unindo em redes, adoção de plataformas de automação e crescimento de ecossistemas especializados, como aponta a FGV Direito. A advocacia entra, enfim, em uma era em que o talento jurídico já não basta, e a gestão determinará quem permanecerá de pé.

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