O prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga, destacou-se como um fenômeno digital ao mobilizar as redes sociais com vídeos performáticos e linguagem de impacto. No entanto, atualmente afastado do mandato por decisão judicial após a Operação Cópia e Cola da Polícia Federal, que investiga fraudes em contratos de saúde, ele continua ativo nas redes, gerando questionamentos.
Ascensão e Queda: Do Digital ao Afastamento
Manga emergiu como um gestor-influencer, utilizando vídeos promocionais antes mesmo de entrar na política. Reeleito com expressivos 73,75% dos votos, seu estilo inovador de comunicação política rompeu paradigmas locais. A questão agora é como ele comunica-se durante seu afastamento, enquanto as acusações ganham força.
Em 6 de novembro de 2025, a PF determinou o afastamento de Manga por 180 dias, devido a suspeitas de contratação irregular de organização social, indícios de lavagem de dinheiro, fraudes em licitação e aquisição de imóveis de alto valor. Apesar disso, o prefeito continua exibindo vídeos e mantendo sua presença digital como se estivesse em pleno exercício do governo.
A Visão do Especialista em Marketing Político
Para Elias Tavares, analista de comunicação eleitoral e marketing político, o caso revela duas dimensões importantes:
Por um lado, a inovação: Manga mostrou que os tradicionais marcos de comunicação política precisam evoluir, com storytelling rápido, linguagem de redes, humor e viralização. Por outro lado, a limitação: se a autoridade pública é abalada, a viralização sem prestação de contas torna-se risco reputacional e vazio de legitimidade.
— Elias Tavares, analista de comunicação eleitoral e marketing político
Transparência e Responsabilidade em Crise
Diante da gravidade da investigação, espera-se que o prefeito assuma uma postura de chefe do Executivo, oferecendo explicações claras, dados e justificativas, em vez de apenas postagens cotidianas. Além disso, é crucial que ele se direcione aos eleitores que confiaram nele.
Este episódio serve como lição para candidatos e gestores que apostam no digital: a estética não substitui a ética, e o espetáculo não substitui a substância. As redes sociais ampliam o alcance, mas não isentam da responsabilidade institucional. A comunicação política integrada deve contemplar governança, transparência e relato consistente. Caso contrário, o “show” pode se transformar em um palco de vulnerabilidade.
O Futuro Político de Rodrigo Manga
Rodrigo Manga inovou na comunicação em Sorocaba, mostrando que o marketing político tradicional está em transformação. No entanto, ele enfrenta um momento crítico: precisa assumir de forma transparente o que está sendo apurado, ou corre o risco de que o mito digital se transforme em descompasso institucional. A cidade, os eleitores e o cenário político precisam mais do que likes; precisam de respostas.
