O século XXI apresenta desafios complexos, como desigualdade social e degradação ambiental. Diante desse cenário, a Democracia da Cooperação surge como um modelo socioeconômico que propõe uma reorganização da sociedade, colocando a solidariedade, a justiça e a sustentabilidade no centro de tudo.
O que é a Democracia da Cooperação?
Inspirada na Economia Solidária e nos princípios cooperativistas, a Democracia da Cooperação visa substituir a competição predatória pela solidariedade e a busca incessante por lucro pela sustentabilidade coletiva. A proposta se baseia em uma organização de baixo para cima, onde o poder emana do povo, dos cooperadores e das comunidades locais, em parceria com o governo.
Neste modelo:
- O capital deixa de ser um fim em si e volta a ser uma ferramenta para promover o bem comum.
- A economia se reconecta à vida, garantindo que o trabalho tenha dignidade, a renda seja distribuída com justiça e a proteção do meio ambiente se torna um dever de todos.
- O poder é descentralizado, dando voz e autonomia àqueles que são diretamente impactados pelas decisões econômicas.
As raízes históricas de um novo futuro
A Democracia da Cooperação é a evolução de uma longa jornada de resistência e construção coletiva. A história do cooperativismo mostra que a união é uma força transformadora:
- 1844, Rochdale (Inglaterra): O movimento cooperativista moderno nasce como uma forma de resistência de operários contra a exploração industrial.
- Século XIX: As cooperativas se consolidam como um braço importante das lutas do movimento operário por melhores condições de vida e trabalho.
- Início do século XX no Brasil: Surgem as primeiras cooperativas agrícolas e de crédito, atuando como focos de resistência e desenvolvimento comunitário.
- Constituição Brasileira de 1988: O cooperativismo ganha reconhecimento e autonomia.
- Anos 2000: A ascensão da Economia Solidária, impulsionada pelo ativismo social e político de pensadores como Paul Singer, Paulo Freire e Milton Santos, fortalece a visão de uma economia centrada nas pessoas.
- Século XXI: O movimento atinge uma nova fase, marcada pela Intercooperação Global, onde o ativismo cooperativo luta por autonomia plena e sustentabilidade em escala mundial.
Pilares práticos para a transformação
A Democracia da Cooperação se apoia em ferramentas concretas para construir essa nova realidade, unindo pessoas, cooperativas e nações por meio de três pilares:
- Intercooperação: Colaboração estratégica entre cooperativas para fortalecer cadeias produtivas, compartilhar recursos e ampliar o impacto social.
- Fundos de Solidariedade e Sustentabilidade: Mecanismos financeiros criados e geridos coletivamente para investir em projetos de desenvolvimento comunitário, inovação social e preservação ambiental.
- Plataforma Digital Colaborativa (CoopNet): Uma rede digital para conectar cooperadores, facilitar trocas, gerenciar projetos e democratizar o acesso à informação e tecnologia.
Um convite à ação
A Democracia da Cooperação é um chamado à ação, visando construir uma sociedade autogestionária, solidária e humana, onde a economia sirva à vida. O lema do movimento resume essa ideia: Cooperar é democratizar.
Rosalvi Monteagudo é contista, pesquisadora, professora, bibliotecária, assistente agropecuária, funcionária pública aposentada e articulista na internet.






