O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) lançou o “Guia de economia circular inclusiva para cidades e regiões” em Belém (PA), com a participação da Fundação Ellen MacArthur. O objetivo é apoiar prefeituras no planejamento e execução de projetos de economia circular, com foco em reciclagem e reutilização de materiais.
Segundo o MMA, a Lei de Incentivo à Reciclagem (LIR) já recebeu 952 projetos registrados até outubro, totalizando R$ 2,2 bilhões em recursos, sendo um terço destinado a cooperativas de catadores.
A importância da transição para a economia circular
O secretário nacional de Meio Ambiente Urbano do MMA, Adalberto Maluf, destacou políticas federais complementares em curso, como a Estratégia Nacional de Economia Circular e a Estratégia Nacional Oceano sem Plástico. A transição para uma economia circular, segundo o MMA, não é apenas ambientalmente benéfica, mas também gera empregos e fortalece a inclusão social.
A economia circular depende da mudança do modelo de produção e de medidas para que materiais, produtos e serviços possam circular. Ou seja, um produto que sai da fábrica com características de circularidade somente circula se houver infraestrutura para isso.
— Pedro Prata, Gerente Sênior de Instituições e Políticas para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur
Além disso, Prata complementa que uma embalagem desenhada para ser reusada precisa de logística reversa para retornar à indústria para ser reutilizada. O novo guia do Ministério do Meio Ambiente visa orientar os municípios sobre como adaptar suas ações para este novo modelo de uso de produtos fabricados sob a lógica da economia circular.
Debate sobre biomateriais na COP30
Durante a COP30, a Fundação Ellen MacArthur promoveu o painel “Da natureza à ação climática: repensando os biomateriais em uma economia circular”. O evento marcou a apresentação das mensagens preliminares de um estudo da Fundação e da Coalizão de Economia Circular da América Latina e do Caribe, que avalia o alinhamento entre políticas de economia circular e políticas para biomateriais em diversos países.
O painel, moderado por Luísa Santiago (Fundação Ellen MacArthur), reuniu Vitor Pinheiro (PNUMA), Gabryela Mendonça (ABIT), Sissi Alves (MDIC) e Bruno Temer (Michelin). Os participantes discutiram o papel estratégico dos biomateriais (fibras naturais, madeira, couro, borracha, papel e bioquímicos) para a ação climática.
Desafios e oportunidades dos biomateriais
Os participantes destacaram que a transição para uma economia circular para esses materiais depende não apenas da substituição dos insumos fósseis, mas também de modelos que permitam regenerar a natureza e circular os produtos por mais tempo.
Entre os pontos debatidos, estiveram os desafios para integrar políticas públicas voltadas à economia circular e aos biomateriais; a necessidade de inovação, infraestrutura e incentivos econômicos; e o potencial de gerar valor local em países produtores.
O painel reforçou que a combinação entre substituir, regenerar e circular para os biomateriais pode reduzir emissões, estimular cadeias produtivas domésticas, gerar empregos e diminuir a pressão sobre o uso da terra.






