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Natal deve impulsionar importação de eletrônicos, brinquedos e bebidas

Natal deve impulsionar importação de eletrônicos, brinquedos e bebidas

O aquecimento do consumo para o Natal volta a estimular a importação de itens sensíveis ao dólar, como eletrônicos, brinquedos e bebidas. Em 2024, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) estimou R$ 69,75 bilhões em vendas natalinas, um aumento real de 1,3% em relação a 2023. Essa referência orienta o varejo para o último trimestre de 2025 e sugere uma demanda firme no fim do ano, embora ainda abaixo do período pré-pandemia (R$ 73,74 bilhões em 2019).

Recomposição de estoques e o setor eletroeletrônico

No lado da oferta, os sinais de recomposição de estoques aparecem primeiro na indústria eletroeletrônica. As importações do setor cresceram 13,6% no acumulado de janeiro e fevereiro de 2025, totalizando US$ 8,6 bilhões, segundo a Abinee. Esse movimento é coerente com a sazonalidade que antecipa a Black Friday e o Natal.

Além disso, no setor infantil, a compra externa de brinquedos historicamente acelera de julho a outubro. Em 2024, o Brasil importou mais de US$ 640 milhões até outubro, com 80% do volume vindo da China, um indicativo útil para a curva de 2025. Já nos relatórios do mercado de vinhos, aponta-se uma retomada das importações no 1º semestre de 2025, apesar da oscilação cambial, reforçando a tendência de sortimento premium para as festas.

Câmbio ainda impacta preços ao consumidor

Apesar da taxa de câmbio ter apresentado alívio desde o pico do início do ano, ela continua volátil. A PTAX fechou agosto de 2025 em R$ 5,426 e setembro em R$ 5,319, abaixo das máximas de 2024, mas ainda em um patamar que pressiona cadeias com alto conteúdo importado. Estudos acadêmicos apontam que, no Brasil, a depreciação do real eleva o custo de bens importados e de produtos com componentes externos, com repasses mais intensos em eletrônicos e fármacos e efeitos indiretos sobre outros segmentos.

O que deve liderar as compras externas?

  • Eletrônicos e gadgets (smartphones, wearables, áudio e consoles): cadeia global dolarizada e forte elasticidade à renda nas datas de promoção. Importações do setor já mostram tração em 2025.
  • Brinquedos (linha licenciada e interativa): sazonalidade marcada e dependência da Ásia. A referência de 2024 indica concentração de compras no 3º trimestre.
  • Bebidas importadas (vinhos, espumantes e destilados): sortimento premium cresce na virada do ano. Relatórios do 1º semestre apontam retomada do apetite por rótulos internacionais.

Estratégias para proteger a margem em um cenário volátil

Para Thiago Oliveira, CEO da Saygo, a previsibilidade do caixa começa na gestão de risco.

Em datas de pico, quem chega ao Natal sem proteção cambial transforma câmbio em loteria. Termos e NDFs para travar taxa, contas em moeda estrangeira para casar fluxos e plataformas digitais de câmbio para escalonar compras são hoje práticas de sobrevivência no varejo.

— Thiago Oliveira, CEO da Saygo

Oliveira acrescenta que, além do hedge, o planejamento tributário e aduaneiro faz diferença.

Benefícios fiscais como os concedidos por estados, a classificação fiscal correta e cronogramas de nacionalização reduzem o custo efetivo por unidade. Regimes como o drawback também contribuem para otimizar operações voltadas à exportação. O ganho não está só na taxa do dia, mas no custo total da importação, do frete ao desembaraço.

— Thiago Oliveira, CEO da Saygo

Com a demanda aquecida e o dólar ainda acima de R$ 5,30, parte dos reajustes tende a aparecer nas prateleiras, sobretudo em itens com menor produção local e maior exposição ao câmbio. A fotografia mais recente de Natal da CNC sustenta um cenário de vendas firmes; o comportamento de importações em 2025 (Abinee) e a sazonalidade em brinquedos (dados de 2024) sugerem estoques reforçados, mas com preços sensíveis à taxa de câmbio até dezembro.

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