O Brasil necessita de mais planejamento e menos assistencialismo para alcançar um desenvolvimento socioeconômico sustentável. É o que defende Samuel Hanan, engenheiro, empresário e ex-vice-governador do Amazonas, em artigo sobre a situação do país.
Foco nos indicadores sociais
Para Hanan, o Brasil tem sido governado sem um plano de desenvolvimento que vise à inclusão social e à redução das desigualdades. “Em todas as áreas essenciais – educação, saúde, saneamento básico, segurança pública e habitação – as carências são enormes e crescentes”, afirma.
Além disso, o especialista defende que o país precisa superar a cultura de se falar apenas em Produto Interno Bruto (PIB). Para ele, é fundamental discutir os principais indicadores sociais, que refletem a condição de vida da população.
Afinal, de nada adianta ser a 10ª economia do mundo se o resultado não se reflete na qualidade de vida dos brasileiros. “Os recursos financeiros do país são enormes. A questão de maior importância a ser analisada é a ausência de um plano de metas”, argumenta.
Governo de coalizão e seus impactos
Hanan critica a prática de governo de coalizão, que, segundo ele, favorece o gigantismo do estado, os desperdícios, a corrupção e a impunidade, precarizando os serviços oferecidos à população.
O engenheiro ressalta que o Brasil parece acostumado a ter um governo alicerçado no carisma de uma única pessoa. “Sem um plano de metas qualitativas e quantitativas e com prazos definidos, esse país jamais conseguirá galgar os degraus que o levem a um novo patamar de desenvolvimento e bem-estar social”, completa.
Plano de metas e transparência
O especialista defende que os candidatos à Presidência da República apresentem um plano de metas claro e transparente. “Somente a clareza, a absoluta transparência e a discussão profunda de um plano verdadeiro de governo podem resgatar o país e conduzi-lo a um novo período de círculo virtuoso de desenvolvimento”, explica.
Sem isso, segundo ele, nunca será possível reduzir as desigualdades regionais, sociais, raciais e educacionais, com base em dados concretos. Além disso, Hanan critica as narrativas que têm levado à estagnação dos indicadores sociais e a um crescimento econômico pífio.
Comparativo com outros países
Hanan compara o desempenho do Brasil com outros países dos Brics e do mundo. Ele mostra que, entre 2010 e 2024, o PIB do Brasil teve crescimento negativo de 1,40%, enquanto o da China cresceu 200%, o da Índia, 129% e o do mundo, 65%.
Além disso, o PIB per capita do Brasil caiu 10,16% no mesmo período. “Não é difícil aferir em quais países esses indicadores tiveram reflexos mais positivos na população”, pondera.
Desigualdade de renda e IDH
O especialista também aborda a desigualdade de renda no Brasil. Ele destaca que a maioria da população ganha até R$ 3.500,00 por mês, enquanto os 10% mais ricos têm renda mensal superior a US$ 54.000,00.
Outro ponto levantado é a queda do Brasil no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). O país ocupava a 73ª posição em 2002 e caiu para o 84º lugar em 2024.
Educação e carga tributária
Hanan critica a situação da educação no Brasil, que, segundo ele, está reprovada. Ele cita o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), em que o Brasil fica abaixo da média dos países da OCDE.
Além disso, o especialista aponta que o Brasil cobra muitos impostos, mas é o que menos oferece retorno dos tributos à população. “Eis aqui uma equação socialmente injusta: apesar de registrar recorde de arrecadação em 2024, o Brasil não produziu melhorias em áreas essenciais como saúde, educação, infraestrutura e segurança pública”, afirma.
Corrupção e manipulações eleitoreiras
Hanan também critica a corrupção no país, que, segundo ele, atingiu a pior nota e posição na série histórica do Índice de Percepção da Corrupção da Transparência Internacional.
O especialista também aborda as manipulações eleitoreiras, como a alteração da fórmula de reajuste do salário-mínimo. “Promessa de picanha, foi convertida em retirada de feijão e arroz da mesa do trabalhador”, critica.
Prioridade para o povo
Para Hanan, o povo brasileiro precisa voltar a ser prioridade dos governos. “A verdade, aos poucos, foi sendo substituída pela retórica; as ações espasmódicas e midiáticas tomaram o lugar do planejamento administrativo, e o radicalismo continua ganhando terreno. Enquanto toda essa situação perdurar, o país vai apenas patinar”, finaliza.
O Brasil precisa voltar a ser verdadeiramente prioridade dos governos, o que deixou de ser há décadas.
— Samuel Hanan, engenheiro, empresário e ex-vice-governador do Amazonas






