A Mostra Itinerante de Filmes do Programa Imagens em Movimento (PIM) exibe histórias contadas sob a perspectiva de crianças e adolescentes de diferentes contextos sociais e culturais. No dia 5 de dezembro, às 9h30, o Cine Carioca José Wilker, em Laranjeiras, Rio de Janeiro, recebe uma sessão gratuita do evento.
Filmes com temas relevantes
As produções exibidas foram criadas por estudantes do Rio de Janeiro, Macaé (RJ), Vitória (ES) e Cumuruxatiba (BA). Os filmes abordam temas relevantes, como sustentabilidade, intolerância religiosa, amizade e os desafios enfrentados pelas novas gerações. Além disso, serão exibidos curtas-metragens produzidos por estudantes de escolas públicas de países como Japão e Bulgária.
O Programa Imagens em Movimento (PIM) é uma iniciativa da ONG Raiar (Rede de Ações e Interações Artísticas), que há 15 anos oferece oficinas gratuitas de cinema em escolas públicas. O objetivo é incentivar o olhar crítico e o protagonismo juvenil por meio da linguagem audiovisual. Criado no Rio de Janeiro, o programa se expandiu para outros estados, proporcionando experiências artísticas e educativas no contraturno escolar.
Parceria internacional
O projeto é fruto de uma parceria com a rede internacional “Cinema, Cem Anos de Juventude”, criada na França em 1995. Essa rede reúne instituições de 15 países e promove encontros anuais entre jovens realizadores de todo o mundo, estimulando o intercâmbio cultural e o aprendizado coletivo sobre o ensino do cinema.
Em 2025, o encontro internacional “À Nous Le Cinéma!” foi realizado na Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris, e contou com a participação de jovens cineastas brasileiros. O Brasil foi representado por Sophia Ribeiro e Erik Richard, alunos do PIM na Escola Municipal Brant Horta (Penha Circular-RJ), que apresentaram o curta de ficção “Axé, Iara”, sobre intolerância religiosa. O filme já foi selecionado para importantes festivais nacionais, como o Festival do Rio e o Abacaxi de Ouro, em Minas Gerais.
Nestes 15 anos de atuação em escolas públicas de diversos estados brasileiros, os estudantes relatam que esta experiência trouxe aprendizagens e benefícios diversos. Muitos dizem que passaram a ver a escola como um espaço mais divertido, criativo e atraente. É uma metodologia que aposta na sensibilidade e na capacidade profunda de reflexão das crianças e dos adolescentes. Trazemos para a sala de aula filmes de diversos países, épocas e gêneros, e estimulamos debates e o intercâmbio de perspectivas sobre estes, para em seguida iniciar o processo de realização.
— Ana Dillon, diretora do PIM
Segundo Ana Dillon, a experiência de realização coletiva de um filme promove uma maior capacidade de expressão, de trabalho em equipe e de lidar melhor com a timidez. Ao final do ano, durante a Mostra dos filmes produzidos em uma sala de cinema, os alunos revelam um grande encantamento ao se verem representados nas telas e terem seus trabalhos autorais reconhecidos pela plateia.
Diversidade de temas e olhares nos filmes
Entre os filmes produzidos pelos estudantes do Rio de Janeiro, destacam-se: “Axé, Iara”, da Escola Municipal Brant Horta, que aborda a intolerância religiosa; “Um novo começo”, do Colégio Estadual Jornalista Maurício Azevedo, que trata de amizade e superação e foi selecionado para a Mostra Geração do Festival do Rio, onde recebeu um troféu de destaque; e “Colapso”, do Colégio Estadual Professora Maria Nazareth Cavalcanti Silva, que narra a história de um jovem que encontra na amizade um ponto de equilíbrio diante de conflitos familiares.
A Mostra já teve edições presenciais em Macaé, Vitória e Cumuruxatiba, reunindo jovens realizadores e educadores em torno do cinema como ferramenta de transformação e expressão.
Em Vitória (ES), os estudantes da Escola Municipal Anacleta Schneider Lucas assinaram “Reciclando”, curta que mostra como o lixo pode se transformar em luxo quando há mobilização comunitária, com destaque para o trabalho do Estúdio Gabi King e da Fantástica Carpintaria.
Já em Macaé, os alunos da Escola Municipal Elisabete de Azevedo Dias Brandão produziram “Fora da rede”, que trata da exclusão social e digital por meio da história de Malu, filha de pescadores sem acesso a celular, que encontra na natureza um refúgio de pertencimento. Na Escola Municipal Paulo Freire, os estudantes filmaram “Da ponte pra cá”, que conta a história de Helena, uma menina que se muda para Macaé por conta da separação dos pais. Na cidade faz novos amigos como Rayssa e seu irmão Ruan. A narrativa se desenvolve através do encontro e descontentamento de Helena e Ruan em torno dos problemas e diferenças sociais entre os bairros do Lagomar e Cavaleiros. Simultaneamente, aprendem a história do bairro em que moram e o papel dos moradores que também o construíram, evidenciando a força da comunidade no contexto territorial.
Em Cumuruxatiba, na Bahia, o filme “Destinos Distintos” narra a história de uma adolescente nativa do local que trabalha diariamente em uma barraca de praia. Laura tenta conciliar trabalho e estudos enquanto observa a diversão dos turistas. O encontro com uma outra adolescente que está na vila de passagem desperta em Laura vontade de viver coisas novas, mas também traz à tona diferenças entre as duas.
Cinema como ferramenta de transformação
Ao longo de 15 anos de atuação, o Programa Imagens em Movimento já beneficiou quase três mil alunos e 155 educadores, resultando na produção de 229 filmes autorais em escolas públicas de todo o país. A iniciativa reafirma o poder do cinema como meio de educação, inclusão e criação de novas narrativas juvenis no Brasil. No Rio de Janeiro, o PIM é patrocinado pelo Telecine, Multiterminais, Veirano Advogados e Paschoalin.
Serviço:
Mostra Itinerante de Curtas do Programa Imagens em Movimento: Exibição de filmes produzidos por alunos de escolas públicas. Sessões gratuitas e abertas ao público, seguidas de debates.
Programação:
Rio de Janeiro – Dia 5 de dezembro, das 9h30 às 12h, no Cine Carioca José Wilker (Rua Leite Leal, 11 – Laranjeiras). Entrada gratuita.






