Aproveitando o impulso gerado pela Reunião de Ministros do Setor de 2025, a parceria global Sanitation and Water for All (SWA), sediada no UNICEF, lançou novos frameworks na COP30, em Belém, para fortalecer a responsabilização e a ação coletiva diante da crise climática. O objetivo é colocar água, saneamento e questões de gênero no centro da adaptação climática e do controle de emissões.
Gênero e clima: um documento de políticas
Lançado em 12 de novembro, o briefing de políticas intitulado “Crises convergentes e oportunidades potenciais: Gênero, clima, saneamento e água” traz recomendações baseadas em evidências para que líderes promovam igualdade de gênero e acesso equitativo à água e ao saneamento. Além disso, o documento reforça a necessidade urgente de posicionar mulheres e meninas como líderes e detentoras de conhecimento nos esforços de adaptação climática.
As mulheres são as que mais sofrem com a insegurança hídrica – sendo responsáveis pela coleta de água em 7 de cada 10 domicílios – e enfrentam riscos agravados pelas mudanças climáticas, incluindo impactos sobre saúde, segurança, educação e meios de subsistência.
Para alcançar uma adaptação verdadeiramente transformadora, políticas sensíveis ao gênero devem desmontar desigualdades sistêmicas na governança de água e saneamento. Os marcos nacionais precisam incorporar a igualdade de gênero como um componente obrigatório e responsável dos serviços de água e saneamento resilientes ao clima.
— Michelle Bachelet, ex-presidente do Chile e membro do Conselho de Liderança Global do SWA
Anjani Kapoor, chefe de políticas da SWA, também comentou sobre a importância de abordar as desigualdades de gênero: “A mudança climática deixou de ser uma ameaça distante. Ela já está aprofundando desigualdades, especialmente para mulheres, crianças e comunidades marginalizadas que menos contribuíram para as emissões, mas sofrem os maiores impactos”.
A importância da igualdade de gênero
Kapoor complementa: “A igualdade de gênero é central para a justiça social e um poderoso motor de resiliência climática – que começa verdadeiramente quando mulheres e grupos marginalizados são colocados como líderes, e não apenas como beneficiários”.
Serviços WASH resilientes ao clima
Ademais, a SWA atualizou sua definição fundamental de serviços WASH resilientes ao clima, inicialmente apresentada na COP29 no Azerbaijão. A versão aprimorada incorpora amplo feedback de governos e parceiros, apresentando um novo Framework de Resposta, que oferece um conjunto de opções adaptativas nos níveis transfronteiriço, nacional e local.
Reconhecida como a “COP da implementação”, a COP30 recebe o documento como orientação prática e oportuna, baseada nos contextos locais, apoiando a implementação efetiva da Meta 9a do Framework dos Emirados Árabes Unidos para Resiliência Climática Global. O documento reforça a importância da gestão de riscos climáticos específicos a cada contexto como elemento essencial para transformar compromissos em ações de adaptação concretas.
Pacto de Alto Nível sobre segurança e resiliência hídrica
A SWA promove responsabilização por meio de parcerias multissetoriais robustas, indicadores transparentes de monitoramento e avaliação baseada em evidências, convertendo compromissos políticos coletivos em resultados tangíveis por meio do Pacto de Alto Nível sobre Segurança e Resiliência Hídrica.
O Pacto convoca governos a colocar água e saneamento no centro da ação climática, redução de riscos de desastres, proteção da biodiversidade e crescimento econômico sustentável. Ele funciona como um marco político vivo para orientar esforços conjuntos a partir de 2025, com revisões regulares de progresso em plataformas globais como a COP30, o Baku Dialogue on Water and Climate e a Conferência da ONU sobre Água de 2026. Até o momento, 26 governos e 23 organizações já endossaram o Pacto – uma aliança crescente que fortalece a gestão sustentável da água em todos os níveis e estabelece as bases para os direitos humanos, prosperidade e estabilidade de longo prazo.






