A migração legal de cidadãos europeus para os Estados Unidos tem aumentado rapidamente devido à estagnação econômica, alta tributação e perda de competitividade em diversos países da União Europeia. Dados do Department of Homeland Security indicam que mais de 118 mil europeus obtiveram residência permanente nos EUA em 2023, representando um aumento de quase 20% em cinco anos.
Cenário Econômico Impulsiona Migração
Para o advogado Daniel Toledo, especialista em Direito Internacional e sócio da Toledo e Associados, essa tendência deve se intensificar em 2026. “A Europa enfrenta um ciclo prolongado de baixo crescimento, inflação persistente e um mercado de trabalho menos dinâmico, o que leva muitos profissionais e investidores a buscar um ambiente regulatório mais flexível nos Estados Unidos”, afirma.
O cenário econômico explica essa mudança. A zona do euro cresceu apenas 0,5% em 2023, segundo o Eurostat, e países como a Alemanha registraram retração industrial no período. Além disso, pressões fiscais, juros elevados e o aumento do custo de vida têm diminuído o interesse por empreendedorismo em grandes centros europeus, o que fomenta a realocação profissional e empresarial no exterior.
Profissionais Qualificados e Empreendedores
Esses fatores impulsionam a migração de profissionais qualificados das áreas de tecnologia e finanças, empreendedores em busca de mercados menos burocráticos, pesquisadores que migram para universidades americanas, além de artistas e atletas com atuação global.
Toledo explica que, ao contrário dos fluxos migratórios da América Latina, a migração europeia ocorre quase integralmente dentro das vias legais, principalmente pelas categorias E-2, EB-2, EB-2 NIW e EB-1. O visto E-2, destinado a investidores de países com tratados comerciais, foi um dos que mais cresceu no último ano. O US Department of State registrou mais de 48 mil aprovações em 2023, sendo os europeus a maior parte dos solicitantes. Este visto exige investimentos que variam entre US$ 100 mil e US$ 250 mil, dependendo do tipo de negócio a ser implementado nos EUA.
Vistos EB-2 e EB-1 em Destaque
Já o EB-2, com ou sem National Interest Waiver, tem atraído europeus com formação avançada que buscam oportunidades profissionais em setores estratégicos americanos. O EB-1, voltado a indivíduos com habilidades extraordinárias, também apresentou aumento: foram cerca de 17 mil aprovações em 2023, um aumento de mais de 30% desde o período pré-pandemia.
Segundo o Pew Research Center, a quantidade de europeus que se tornam residentes permanentes nos EUA cresceu 11% desde 2018, enquanto a emissão de vistos de trabalho aumentou 27% no mesmo período.
A migração de jovens qualificados entre 25 e 39 anos avançou 21%, indicando que a decisão não está restrita a investidores tradicionais, mas abrange profissionais em início e meio de carreira que buscam salários mais competitivos, menor instabilidade política e ambientes de inovação mais maduros. “Para quem quer crescer profissionalmente ou empreender, os Estados Unidos oferecem mais previsibilidade e regras claras. A Europa continua importante, mas tem enfrentado limitações estruturais que afetam diretamente quem deseja acelerar sua trajetória”, afirma Toledo.
Planejamento é Fundamental
O advogado explica que o planejamento é fundamental para quem pretende realizar o processo de forma segura. Isso envolve reunir documentação técnica, como diplomas, cartas de recomendação e comprovantes de experiência, além de preparar o histórico financeiro e demonstrar a origem dos recursos. No caso do E-2, um plano de negócios estruturado é indispensável. Já nos vistos EB-2 e EB-1, o foco recai sobre evidências profissionais objetivas, como publicações, impacto social ou econômico do trabalho e projetos relevantes. “O erro mais comum é acreditar que a migração é simples. Cada categoria exige comprovações específicas e um alinhamento rigoroso entre o perfil do candidato e os requisitos do visto”, aponta Toledo.
Os custos variam conforme a categoria escolhida. O visto E-2 demanda investimentos a partir de US$ 100 mil, além de taxas migratórias que ultrapassam US$ 1 mil. O EB-2 NIW e o EB-1 têm taxas oficiais em torno de US$ 1.500, sem necessidade de aporte financeiro. Já o EB-5 permanece como a opção mais robusta, exigindo aporte mínimo de US$ 800 mil e geração de empregos. “Todos esses caminhos são legais e oferecem segurança jurídica. Para famílias e profissionais, isso significa acesso a escolas, crédito, desenvolvimento de carreira e previsibilidade”, afirma o especialista.
Toledo avalia que, diante da desaceleração prolongada no bloco europeu e da perspectiva de instabilidade política em outras regiões, como o Brasil, o movimento de realocação deverá ganhar força nos próximos anos. Para ele, o foco na Europa se torna estratégico porque muitos cidadãos europeus já dispõem de vantagens estruturais, como dupla cidadania, alto nível educacional e facilidade linguística, que facilitam a adaptação ao mercado americano. “Os Estados Unidos seguem como o principal destino para quem busca ascensão profissional, estabilidade jurídica e um ambiente econômico competitivo. A tendência é que esse fluxo aumente conforme a Europa enfrenta mais desafios internos”, conclui.
Os Estados Unidos seguem como o principal destino para quem busca ascensão profissional, estabilidade jurídica e um ambiente econômico competitivo. A tendência é que esse fluxo aumente conforme a Europa enfrenta mais desafios internos
— Daniel Toledo, Advogado






