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Brasil lidera criação da Sociedade Mundial de Cirurgia Oncológica

Brasil lidera criação da Sociedade Mundial de Cirurgia Oncológica

No Dia Nacional de Combate ao Câncer, celebrado nesta quinta-feira, 27, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) destaca o protagonismo do Brasil no cenário global da oncologia. A eleição do cirurgião oncológico Alexandre Ferreira Oliveira para a presidência da recém-criada World Society of Surgical Oncology (WSSO) é um marco desse avanço.

Diretoria com representação global

Além de Oliveira, os brasileiros Rodrigo Nascimento Pinheiro e Felipe José Fernández Coimbra, ex-presidentes da SBCO, também integram a diretoria executiva como diretor científico e secretário-geral, respectivamente. A WSSO já nasce com representação dos cinco continentes e liderança formada por especialistas de países desenvolvidos e em desenvolvimento. O objetivo é reduzir as desigualdades no acesso à cirurgia oncológica e fortalecer a cooperação científica global.

A primeira diretoria inclui representantes da Alemanha, Angola, Argentina, Bélgica, Brasil, Canadá, Estados Unidos, Grécia, Índia, Itália, Nicarágua, Nova Zelândia e Portugal. Segundo a SBCO, essa composição demonstra o compromisso da WSSO com uma abordagem global, considerando diferentes realidades de sistemas de saúde e níveis de acesso ao tratamento do câncer.

WSSO: um pacto global pela cirurgia oncológica

A fundação da WSSO foi anunciada em novembro, durante o XVII Congresso Brasileiro de Cirurgia Oncológica, no Rio de Janeiro, organizado pela SBCO. Pela primeira vez, uma sociedade mundial reúne cirurgiões oncológicos de todos os continentes em uma mesma estrutura institucional. A iniciativa reconhece a cirurgia como um componente central do cuidado oncológico e da redução da mortalidade por câncer.

Próximos passos e parcerias

De acordo com Alexandre Ferreira Oliveira, a sociedade pretende realizar reuniões mensais online com representantes dos cinco continentes. O foco será a elaboração de diretrizes globais e o estabelecimento de parcerias institucionais com organismos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e a União Internacional para o Controle do Câncer (UICC). A proposta é desenvolver orientações que contemplem desde países de alta renda até aqueles com recursos limitados, abordando prevenção primária, diagnóstico, tratamento e organização da assistência cirúrgica oncológica.

Além disso, Oliveira afirma:

A ideia é dar voz a todo cirurgião que está em qualquer lugar do mundo e democratizar a cirurgia oncológica. — Alexandre Ferreira Oliveira, presidente da WSSO

Alexandre Ferreira Oliveira é professor associado e coordenador da Disciplina de Oncologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Universitário da instituição, diretor do Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC) e membro do Conselho Consultivo do Instituto Nacional de Câncer (INCA). Foi presidente da SBCO no biênio 2019–2021 e integra a Câmara Técnica de Cirurgia Oncológica do Conselho Federal de Medicina (CFM).

A origem da WSSO

A concepção da WSSO começou a ganhar forma durante a pandemia de COVID-19, quando se tornaram evidentes as diferenças entre países no manejo do diagnóstico e do tratamento cirúrgico do câncer. Em seu discurso após a eleição, Oliveira relembrou que a observação dessas assimetrias foi determinante para a criação da entidade.

Ele ainda complementa:

Vimos países adotando respostas muito distintas, ou nenhuma resposta, em relação ao câncer. Isso deixou claro que era necessária uma sociedade capaz de unir a cirurgia oncológica em nível global e transformar essa união em resultados concretos para os pacientes. — Alexandre Ferreira Oliveira, presidente da WSSO

O projeto foi desenvolvido a partir de 2020 com a participação de Felipe José Fernández Coimbra, atual secretário-geral da WSSO, e Rodrigo Nascimento Pinheiro, diretor científico da entidade. Após cinco anos de articulação, a proposta foi formalizada na assembleia de fundação.

Estrutura e representatividade da WSSO

A primeira diretoria da WSSO reflete a diversidade de contextos e sistemas de saúde que a sociedade pretende integrar. Além de Alexandre Ferreira Oliveira e Domenico D’Ugo (Itália) na presidência, e de Felipe Coimbra e Nilton Helibrando Caetano da Rosa (Angola) na secretaria-geral, a diretoria-executiva inclui Tina Hieken (Estados Unidos) como tesoureira e Jörg Kleeff (Alemanha) como vice-tesoureiro.

Rodrigo Nascimento Pinheiro (Brasil) é o diretor científico, tendo como vice Timothy Pawlik (Estados Unidos). Chandramohan K. (Índia) é o diretor de relações institucionais e Carolyn Nessim (Canadá) a vice-diretora. Joaquim Abreu de Sousa (Portugal) é o diretor de ética, e Gabrielle Van Ramshorst (Bélgica) a diretora de liderança feminina. Rohan Jeyarajah (Estados Unidos) ocupa a diretoria de membros e Russell Berman (Estados Unidos), Mariano Gimenez (Argentina), Sergio Manuel López Tórrez (Nicarágua), Ailton Sepúlveda (Nova Zelândia) e Nilton Rosa (Angola) representam, respectivamente, as regiões da América do Norte, América do Sul, América Central, Oceania e África.

Nos comitês científicos de especialidades figuram Richard Schulick (Estados Unidos) em Pâncreas, Igor Correia de Farias (Estados Unidos) em Esôfago, Paulo Henrique de Sousa Fernandes (Brasil) em Hepatobiliar, Iraklis Katsoulis (Grécia) em Colorretal, Luiz Paulo Kowalski (Brasil) em Cabeça e Pescoço, Reitan Ribeiro (Canadá) em Ginecologia Oncológica, Wellington Andraus (Estados Unidos) em Transplantes Oncológicos, Mariano Gimenez (Argentina) em Oncologia Intervencionista e Pedro Eder Portari Filho (Brasil) em Nutrição Oncológica.

A WSSO nasce com a missão de ser um fórum permanente para o fortalecimento da cirurgia oncológica global, reconhecendo-a como ferramenta essencial na assistência ao câncer. A entidade propõe-se a atuar em educação médica continuada, produção de evidências, cooperação técnica entre países e defesa da equidade no acesso ao tratamento. Ao final da assembleia, Alexandre Ferreira Oliveira sintetizou o compromisso que agora se transforma em agenda global.

Em sua fala, concluiu:

Nossa proposta é aumentar as taxas de cura e sobrevida, melhorar a qualidade de vida e ampliar o acesso à cirurgia oncológica. A força dessa sociedade está em ser inclusiva, não competitiva. A união é o único caminho possível para enfrentar um desafio que é, acima de tudo, humano. — Alexandre Ferreira Oliveira, presidente da WSSO

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