Em meio à pressão por resultados no fim de ano, o propósito surge como um diferencial crucial para as empresas. Um estudo da Harvard Business Review revelou que organizações orientadas por propósito registram até 32% mais produtividade e 35% menos rotatividade em comparação com aquelas focadas apenas em ganhos financeiros. A força do senso de significado é o que impulsiona o engajamento humano, segundo a pesquisa.
O impacto do propósito no engajamento
De acordo com Alexandre Slivnik, vice-presidente da Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e professor da FIA/USP, o propósito é o principal elemento para garantir a alta performance das equipes. “O colaborador que compreende o motivo por trás de suas ações não apenas vende um produto, mas oferece uma experiência completa. Quando existe um propósito claro, o esforço deixa de ser uma mera obrigação e se transforma em uma missão compartilhada”, explica Slivnik, que também atua como diretor executivo do IBEX Institute for Business Excellence, sediado em Orlando.
O grande desafio, segundo ele, é resgatar esse espírito em meio às intensas metas de fim de ano. “Frequentemente, os líderes se concentram unicamente nos resultados de curto prazo, negligenciando a importância de recordar às suas equipes o impacto que cada entrega tem na vida das pessoas. Resgatar o propósito significa trazer a humanidade de volta para o foco da meta”, ressalta Slivnik.
Como o propósito fideliza clientes
Um levantamento global da Deloitte sobre engajamento e propósito corporativo indica que colaboradores que encontram significado em seu trabalho são 2,3 vezes mais produtivos e permanecem 42% mais tempo na empresa. A pesquisa também aponta que organizações guiadas por propósito alcançam 40% mais satisfação dos clientes em relação à concorrência. Para Alexandre Slivnik, essa conexão transforma o desempenho em encantamento.
As vendas com propósito acontecem quando o cliente percebe a intenção genuína por trás da oferta. Ele sente quando há verdade e é isso que o fideliza.
— Alexandre Slivnik, vice-presidente da ABTD
Slivnik é o criador da metodologia “Estratégia da Magia”, que se baseia nos pilares de propósito, cultura organizacional, liderança inspiradora e encantamento, e é aplicada por empresas que buscam unir resultados e significado.
Liderança inspiradora é chave
Empresas como Disney e Microsoft exemplificam como um propósito bem definido pode se tornar um diferencial competitivo. Sob a liderança de Satya Nadella, a Microsoft adotou uma “cultura de aprendizado” focada no impacto social, o que impulsionou uma onda de inovação e crescimento sustentável.
Slivnik enfatiza que o papel do líder é crucial nesse processo. “O engajamento de uma equipe segue a lei da gravidade: vem de cima para baixo. Quando o líder está conectado ao propósito, ele contagia o time. Quando perde o brilho, apaga a chama dos demais”, observa. Ele sugere que os gestores aproveitem os rituais de fim de ano para fortalecer o senso de missão e celebrar as conquistas coletivas, criando momentos de conexão autêntica.
Entre os exemplos de marcas que vendem valores em vez de apenas produtos, o especialista destaca aquelas que transformam a experiência de compra em uma extensão de seus princípios. “O cliente pode até esquecer o que comprou, mas nunca se esquece de como foi tratado. Marcas que encantam não vendem transações, vendem emoções”, finaliza.






