Um estudo inédito revelou a efetividade das concessões florestais na contenção do desmatamento e na geração de emprego e renda na Amazônia Legal. A pesquisa, realizada pelo Imaflora em parceria com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e a Systemiq, com apoio do UK PACT, analisou dados de oito Florestas Nacionais, totalizando 3,57 milhões de hectares.
Resultados Socioeconômicos e Ambientais
O levantamento, intitulado “Concessões Florestais Federais na Amazônia Legal: Avanços socioeconômicos e ambientais em quase 20 anos de política pública”, considerou dados desde a criação das concessões federais no país. Leonardo Sobral, diretor de Florestas e Restauração do Imaflora, destaca a importância da gestão pública eficiente e do investimento sustentável como motores da transição para uma economia de baixo carbono.
Além disso, Sobral ressalta que as concessões reúnem conservação ambiental, geração de emprego, dinamização da bioeconomia e respeito às comunidades locais. Através da análise de dados administrativos, geoespaciais e técnico-operacionais de plataformas públicas, monitoramentos e entrevistas, o estudo concluiu que as concessões têm gerado conservação, emprego e participação em receitas públicas para a sociedade.
As concessões florestais são um exemplo de solução baseada na natureza e que confirma o potencial brasileiro de ser uma liderança climática. A oportunidade agora é expandir o modelo e atrair investimentos, gerando empregos e renda, conservando a floresta.
— Renato Rosenberg, diretor de Concessões Florestais do SFB
Expansão e Aprimoramento do Modelo
Rosenberg também aponta a necessidade de promover o processamento da madeira nos próprios municípios que sediam as concessões. O objetivo é impulsionar maior diversificação produtiva, com atividades de serviço e indústria, e, consequentemente, aumentar o PIB e a arrecadação dessas localidades.
Principais Descobertas do Estudo
O estudo analisou dados de oito Florestas Nacionais (Flonas), que juntas somam 3.570.818 hectares. Nesses territórios, existem 22 Unidades de Manejo Florestal (UMFs), áreas concedidas para manejo florestal sustentável privado, perfazendo 1.254.075 hectares, aproximadamente 35% do total.
Os parâmetros socioeconômicos, como emprego e massa salarial, resultam de um painel de 772 municípios, comparando dados dos que possuem concessões ativas àqueles elegíveis à concessão. Veja os principais resultados:
- De sua criação, em 2010, até 2023 as concessões florestais federais colocaram no mercado 2,5 milhões de metros cúbicos de madeira de origem legal e rastreável, extraídos sob regime de manejo sustentável, com a conservação plena da floresta.
- Entre 1988 e 2024, apenas 2% do território das Flonas com concessão foram desmatados, sendo que 92% desse desmatamento ocorreram fora das áreas concedidas.
- Em 75% delas, houve aumento de 62% no número de empregos e de 27% na massa salarial do setor. Em 2023, as concessões geraram 1.616 empregos diretos e 3.232 indiretos, totalizando 4.848 postos de trabalho.
- De 2010 a 2025, o poder público arrecadou R$ 240,4 milhões vindos das concessões florestais, com o maior pico de arrecadação em 2024 (R$ 40,5 mi).
Impacto nos Municípios
O município de Terra Santa (PA), por exemplo, utilizou R$ 294.222,94 para construir e estruturar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Mineração (SEMMAM). Além disso, foram arrecadados mais de R$ 6,26 milhões de recursos do mecanismo de redistribuição de renda, chamado Indicador Social.
Desse total, cerca de R$ 4,91 milhões já foram aplicados (2015–2024) em infraestrutura para comunidades que vivem em Flonas sob concessão. Esse investimento destinou-se a melhorias em transporte, energia (incluindo kits de painéis solares), educação ambiental e apoio a cadeias produtivas.
Acesse o estudo completo: https://admin.imaflora.org/public/media/biblioteca/cartilha_concessaoflorestal_pt_final.pdf
Infográfico com os principais resultados: https://admin.imaflora.org/public/media/biblioteca/info_imaflora_07_estudodeimpacto_vdigital.pdf






