Em “Quando o processo me pegou pelo braço”, a escritora Tati Riceli convida o leitor a refletir sobre a busca pela aceitação da própria imagem e a importância de habitar o corpo da forma como ele é. Ao relatar seu processo de autoconhecimento após uma cirurgia bariátrica, ela destaca a importância de aceitar as imperfeições diante dos desafios da vida.
A coragem de se reencontrar
Tati Riceli apresenta o relato de um reencontro profundo consigo mesma em “Quando o Processo Me Pegou Pelo Braço — Com Licença, Estou Me Reencontrando”. Através de memórias e metáforas, ela transforma sua trajetória em uma obra sensível e reflexiva, abordando a cirurgia bariátrica, o trabalho em Recursos Humanos e a terapia.
Ao recordar diferentes sentimentos, a autora reconstrói sua história desde a infância até a fase adulta. Após duas décadas da bariátrica e um intenso processo de autoconhecimento, Tati compreendeu que a comida havia assumido o papel de anestesia e fuga. A partir dessa descoberta, ela percebeu que o autoconhecimento é um recomeço contínuo, sustentado por pausas, consciência e reconexão.
Pequenas mudanças, grandes transformações
É desse olhar atento que surge a forma como a escritora narra as pequenas mudanças que transformaram seu cotidiano. Com uma linguagem refinada e toques de comédia existencial, Tati descreve a importância de dizer não, reconhecer limites, buscar apoio, fazer terapia e reconstruir sua presença no mundo. Ao relatar esse percurso, ela mostra o que significa reaprender a habitar o próprio corpo, compreender o peso do afeto, respeitar os silêncios e encontrar beleza nas imperfeições.
“Escrevi este livro quando compreendi que o meu processo não era uma dieta, mas um reencontro, um retorno sensível a mim mesma. Não falo de antes e depois na balança, mas do território vivo entre esses extremos. É nesse intervalo que quem sempre cuidou de todos aprende, enfim, a se incluir. O processo não é fórmula nem milagre: é presença. Um convite para habitar o próprio corpo com a delicadeza que tantas vezes dedicamos só aos outros”, disse Tati Riceli.
Organizado em capítulos independentes, o livro se afasta do modelo tradicional de memórias e adota uma narrativa única, em que cada parte nasce de uma dor ressignificada. Essa estrutura cria um percurso em espiral, no qual corpo, mente e alma se complementam, revelando novas camadas de lucidez. A obra conta ainda com um “Dicionário de Emoções Disfarçadas”, que acompanha cada capítulo e traduz sentimentos cotidianos em expressões poéticas e espirituosas.
Autoestima e respeito às diferenças
A autora também aborda vivências da vida adulta e temas como os desafios de manter uma rotina, a relevância de cultivar o bom humor, a busca por fortalecer a própria autoestima e, como mulher gay, reforça a importância do respeito às diferenças. No fim, a obra mostra que o processo de se reencontrar é um ato de coragem e que seguir adiante, mesmo sem roteiro, pode revelar uma beleza inesperada. “A escrita é uma forma de dar passagem ao que amadurece em silêncio, de transformar o vivido em palavra e o aprendizado em arte”, conclui.






