O recente apagão da Cloudflare expôs os riscos estruturais e a dependência de empresas em relação a fornecedores globais de infraestrutura digital, levantando questões sobre a resiliência de sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) na nuvem. A falha, ocorrida em 18 de novembro, afetou serviços como X (antigo Twitter), ChatGPT e diversos sites, reacendendo o debate sobre o impacto de interrupções em sistemas corporativos críticos.
Impacto financeiro das interrupções
De acordo com o Ponemon Institute, interrupções em ambientes digitais podem custar, em média, US$ 9 mil por minuto. Esse valor se torna ainda mais significativo quando associado a plataformas que controlam finanças, produção, logística e cadeia de suprimentos.
A visão dos especialistas
Éric Machado, CEO da Revna Tecnologia e especialista em projetos de ERP e Supply Chain, destaca que a instabilidade da Cloudflare revela uma fragilidade pouco discutida nas jornadas de transformação digital. “A queda mostrou que o ERP não depende apenas da aplicação em si, mas de um ecossistema inteiro de serviços que precisa estar disponível”, afirma Machado.
Ele complementa: “Quando uma camada intermediária falha, todo o processo de negócio sofre, e a empresa percebe na prática que resiliência nunca foi um luxo”.
A urgência de arquiteturas resilientes
A combinação de interrupções recentes da Cloudflare e da AWS (Amazon Web Services) reforça a urgência de arquiteturas mais distribuídas e menos dependentes de um único provedor. A Statista aponta que a AWS concentra cerca de 30% da nuvem global, enquanto o Increv mostra que aproximadamente 20% dos sites utilizam serviços da Cloudflare, criando um cenário de alta interdependência.
Consequências para as empresas
Em empresas que utilizam o ERP como núcleo da operação, essas falhas podem interromper o faturamento, bloquear integrações, afetar centros de distribuição e limitar a tomada de decisão em tempo real, ampliando prejuízos e colocando em risco a continuidade dos negócios. Além disso, a reputação da empresa pode ser afetada, gerando desconfiança por parte dos clientes e parceiros.
Resiliência como prioridade
Nesse contexto, Éric Machado reforça que o apagão serve como um alerta para líderes de tecnologia que ainda tratam a resiliência como uma pauta secundária. “Não basta mover o ERP para a nuvem e acreditar que isso resolve o problema”, ressalta.
Segundo ele, a empresa precisa entender onde estão seus pontos únicos de falha e criar camadas de proteção que combinem inteligência artificial, redundância, testes de estresse e um desenho arquitetural consciente.
O incidente evidencia que a próxima onda de modernização passa menos pela adoção de novas ferramentas e mais pela construção de ambientes preparados para falhas inevitáveis, garantindo a continuidade mesmo quando parte da internet falha.
— Éric Machado, CEO da Revna Tecnologia






