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Biotecnosfera: ficção explora futuros da sociedade e tecnologia

Biotecnosfera: ficção explora futuros da sociedade e tecnologia

A discussão sobre futuros possíveis deixou de ser um exercício teórico e se tornou uma necessidade urgente para empresas, governos e cidadãos. Nesse contexto, a obra “Biotecnosfera”, de Lucas Araújo, transforma esse debate em narrativa, ao apresentar sete conselheiros que discutem novos modelos de governança, economia, educação e coexistência com a tecnologia após o colapso das antigas estruturas.

Um laboratório conceitual

A ficção funciona como um laboratório conceitual para refletir sobre o que já está acontecendo e o que ainda pode ser reconstruído. Com 22 anos de experiência em contabilidade, Lucas observa diariamente como organizações enfrentam crises, reorganizam processos e respondem às tensões do presente.

No livro, ele aborda a necessidade de criar sistemas regenerativos que considerem pessoas, natureza e algoritmos como partes interdependentes. A narrativa acompanha Noah, convocado a integrar o conselho responsável pela construção de uma nova sociedade. Diante dessa missão, ele se confronta com um dilema existencial: é possível criar sem antes encarar as próprias ruínas?

Pilares da nova sociedade

Os escolhidos debatem seis pilares: Governança, Economia, Clima, Saúde, Segurança e Educação, transformando o espaço em território de confronto ideológico e transformação coletiva. Araújo constrói um laboratório vivo de futuro onde economia regenerativa, educação simbiótica e uma Carta Algorítmica Comum (governança ética de IA) funcionam como expressões orgânicas de um modo de existir que busca alinhar a coexistência de humanos, tecnologia e natureza.

Não há trono aqui, Noah. Há uma teia, e nós somos os nós críticos. Se um nó falha, a teia sente. A minha indestituibilidade, como você a vê, não é carta branca para o arbítrio. É a condição para que o sistema funcione com a velocidade e a coerência que a emergência planetária exige. (…) Nossa destituição não é decidida nas urnas, mas na própria fibra do bioma.

— Biotecnosfera, p. 150

Reflexões e reviravoltas

O leitor tem uma função na história, se deixar envolver por essa assembleia visionária, que traz reflexões sobre como a sociedade vive e passará a viver, até descobrir um grande plot twist. O livro funciona como uma ficção metanarrativa e ao final entende-se que a obra em si é a forma como ela é estruturada.

Além disso, debates contemporâneos sobre colapso climático, governança política, saúde mental e pertencimento são ferramentas do autor para oferecer uma experiência literária que dialoga com questões urgentes e reais. Sendo assim, “Biotecnosfera” é mais que ficção especulativa: é meditação, ensaio, rito. Um convite a transformar o olhar, sentir a respiração do planeta, reconhecer a beleza e a ferida que constituem a sociedade.

Por fim, o livro é um lembrete de que a regeneração não é uma escolha, mas uma necessidade profunda e coletiva.

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