A partir de 2026, com a entrada em vigor da CBS e do IBS em fase de testes, empresas terão de operar dois sistemas tributários até 2033. Essa transição aumenta o risco de erros e a necessidade de uma governança tributária eficiente. Especialistas apontam que a falta dela pode comprometer o caixa das empresas no novo modelo.
Atenção redobrada na transição tributária
O sistema tributário brasileiro inicia, em 2026, a etapa mais delicada de transição para o modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), com a aplicação da CBS e do IBS em caráter de teste. A coexistência entre o sistema atual e o novo modelo deve ocorrer até 2033, exigindo das empresas processos atualizados, sistemas parametrizados e equipes preparadas para lidar com regras distintas durante vários anos.
Ademais, o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) aponta que cerca de 95% das empresas brasileiras pagam mais tributos do que deveriam devido a falhas de apuração, desconhecimento de benefícios ou inadequação do regime tributário.
Existe uma diferença brutal entre pagar imposto e pagar certo. A partir de 2026, com novas bases de cálculo e um ambiente de fiscalização cada vez mais automatizado, a falta de governança passa a representar risco direto ao caixa e à estratégia da empresa.
— Maynara Fogaça, tributarista
Modernização da fiscalização exige mais controle
A fase inicial da reforma exigirá das empresas uma dupla atenção: cumprir as obrigações tradicionais e registrar as informações previstas no novo modelo para que o governo possa calibrar as alíquotas do IVA. Esse processo amplia a possibilidade de inconsistências, especialmente em setores que operam com grande volume de notas fiscais, créditos e compensações.
Além disso, a modernização da fiscalização intensifica a necessidade de controles mais rígidos. Com o avanço dos cruzamentos eletrônicos entre SPED, NF-e, eSocial e demais obrigações, divergências pequenas podem gerar bloqueios de compensações, glosas ou autuações. Para Maynara, esse é o ponto central da discussão.
A base tributária precisa estar alinhada com a operação. Inconsistências que antes passavam despercebidas hoje são identificadas quase de imediato. As empresas precisam se adaptar a essa nova lógica.
— Maynara Fogaça, tributarista
Pilares da governança tributária
Segundo especialistas, a governança tributária deve se apoiar em quatro pilares fundamentais:
- Diagnóstico tributário atualizado: revisar o regime tributário, simular cenários com a CBS e o IBS e mapear riscos.
- Revisão dos últimos cinco anos: identificar pagamentos indevidos, créditos ignorados e oportunidades de recuperação, especialmente no lucro real e no presumido.
- Automação e tecnologia fiscal: integrar sistemas, revisar parametrizações e adotar ferramentas de análise que reduzam falhas humanas.
- Cultura fiscal estratégica: ampliar o debate tributário para o nível decisório, com indicadores próprios e auditorias frequentes.
Para Maynara, as empresas que iniciarem essa adaptação agora estarão em vantagem competitiva quando o novo modelo estiver plenamente em vigor.
Governança tributária não é apenas prevenção. É inteligência aplicada ao negócio. Rever o que foi pago, ajustar processos e antecipar riscos é uma das decisões mais estratégicas que uma empresa pode tomar diante da nova realidade fiscal.
— Maynara Fogaça, tributarista






