O último trimestre do ano, marcado pelo acúmulo de metas e pressão por resultados, pode revelar fragilidades na liderança e aumentar a busca por suporte emocional nas empresas. De acordo com relatórios de gestão de pessoas, períodos de alta cobrança tendem a intensificar o estresse, a queda de engajamento e os conflitos nas equipes.
No Brasil, a inclusão dos riscos psicossociais como obrigatórios no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais, conforme a Portaria nº 1.419/2024, e a Lei 14.831/2024, que criou o Certificado de Empresa Promotora da Saúde Mental, reforçam essa tendência.
Empresas investem em mapeamento emocional
Diante desse cenário, empresas têm intensificado o mapeamento emocional e as devolutivas estratégicas para líderes, especialmente em novembro e dezembro. A psicóloga e especialista em saúde emocional corporativa, Jéssica Palin, explica que a transição de ciclo exige preparo técnico e emocional.
A liderança precisa de dados emocionais para agir com precisão, seja para apoiar, realocar ou engajar. — Jéssica Palin, psicóloga e especialista em saúde emocional corporativa
Segundo ela, a aceleração das metas no fim do ano amplifica comportamentos como retração emocional, queda de produtividade e dificuldade de comunicação.
Diagnósticos estruturados ganham força
Relatórios internos de empresas que adotam a avaliação emocional mostram um aumento na procura por testes psicológicos validados, mapeamentos comportamentais e planos de ação individualizados. Essas ferramentas ajudam a prever riscos, orientar intervenções e reduzir decisões gerenciais baseadas em tentativa e erro.
A regulamentação dos fatores psicossociais como risco ocupacional fortaleceu essa tendência, exigindo políticas de prevenção e monitoramento contínuo.
O fim de ano também testa o preparo emocional das lideranças. Gestores sem suporte desenvolvem padrões de microgestão, ampliam ruídos e, muitas vezes, agravam os conflitos que já estavam presentes. — Jéssica Palin, psicóloga e especialista em saúde emocional corporativa
Ações adotadas pelas empresas
De acordo com documentos técnicos, as ações mais adotadas pelas empresas neste período incluem:
- Mapeamento emocional da equipe: Avaliações psicológicas e comportamentais que ajudam a identificar sinais de esgotamento, conflitos latentes e desalinhamentos funcionais.
- Devolutivas individuais para gestores: Líderes recebem planos de ação específicos, reduzindo decisões impulsivas e favorecendo ajustes comportamentais imediatos.
- Revisão dos rituais de comunicação: Check-ins frequentes, alinhamentos semanais e acordos de convivência minimizam ruídos em momentos de alta pressão.
- Preparação para o início do próximo ciclo: Empresas estruturam planos de ação emocionais, ajustam processos de RH e revisam indicadores de clima e engajamento para janeiro.
Sinais de alerta e dicas práticas
Entre os comportamentos mais comuns observados em equipes no período estão retração emocional, irritabilidade, dificuldades de priorização, conflitos silenciosos, comunicação truncada e queda de desempenho. A interpretação desses sinais é crucial para evitar desligamentos, afastamentos médicos ou rupturas de clima no início do ano seguinte.
Recomendações para gestores
Com base nos relatórios analisados, cinco ações têm sido recomendadas para gestores:
- Redistribuir entregas críticas e ajustar prioridades com antecedência.
- Realizar conversas de acompanhamento com foco em segurança psicológica.
- Observar sinais comportamentais que indiquem cansaço emocional ou retração.
- Praticar feedbacks objetivos e frequentes para evitar acúmulo de tensões.
- Estruturar rituais de virada de ciclo com clareza sobre funções, metas e expectativas.
Liderança emocional não é algo acessório. Ela aparece nas decisões difíceis, nos momentos de pressão e na forma como o gestor conduz a equipe quando há pouco espaço para erro. — Jéssica Palin, psicóloga e especialista em saúde emocional corporativa






