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SAP S/4HANA: por que a migração tardia eleva os riscos?

SAP S/4HANA: por que a migração tardia eleva os riscos?

Com pouco mais de dois anos para o fim do suporte oficial ao SAP ECC 6, agendado para 31 de dezembro de 2027, muitas empresas ainda não iniciaram a migração para o SAP S/4HANA. Rodrigo Porto, Gerente Comercial na Selbetti Business Consulting, alerta que adiar essa transição representa um risco crescente.

Pico de demanda e escassez de profissionais

Especialistas projetam um pico de demanda em 2026, o que pode levar à escassez de profissionais qualificados e, consequentemente, a um aumento nos custos de implementação. Além disso, migrações apressadas podem comprometer operações críticas.

Estimativas de mercado indicam que a maioria das empresas que planejam migrar ainda está no meio do processo. Cerca de 30% esperavam concluir a migração até o final deste ano, enquanto outros 30% devem finalizar o projeto entre 2026 e 2027. Apenas uma pequena parcela já completou a jornada, concentrando a pressão nos dois anos finais antes do fim do suporte.

Atraso na adoção do S/4HANA

Até 2023, a adoção do S/4HANA era lenta. Estudos da Gartner indicavam que menos de 40% dos clientes SAP globalmente haviam iniciado ou concluído a migração. No Brasil, o número era similar. A postergação foi atribuída à estabilidade do ECC em muitas organizações, à complexidade técnica da migração (principalmente em ambientes altamente customizados) e ao receio de custos elevados.

Some-se a isso a crença de que o suporte poderia ser prorrogado. Após 31 de dezembro de 2027, apenas empresas com versões mais atualizadas do ECC e que aceitarem pagar tarifas extras poderão contratar suporte estendido até 2030, mesmo assim, com escopo limitado.

Impactos da migração sob pressão

Do ponto de vista estratégico, migrar sob pressão de prazo é sempre mais caro. Quanto mais perto de 2027, maior será a disputa por consultorias, especialistas técnicos e infraestrutura de suporte. Um levantamento da Tivit apontou que 2026 será o pico de procura por migrações para S/4HANA, mas o volume de profissionais certificados não acompanha esse ritmo.

O risco nesse cenário é o efeito cascata: preços sobem, disponibilidade cai, projetos são comprimidos e as consequências recaem sobre operações críticas. Módulos implantados pela metade, integrações instáveis e falhas podem transformar uma migração apressada em um gargalo operacional, com impacto direto sobre a cadeia produtiva, o financeiro e o compliance.

O S/4HANA não é apenas uma nova versão do ECC. É uma arquitetura diferente, com outro modelo de dados, interface renovada e automações integradas. Para extrair valor real do novo ERP, é preciso tempo de adaptação, revisão de processos e capacitação das equipes.

— Rodrigo Porto, Gerente Comercial na Selbetti Business Consulting

Planejamento e governança como solução

Empresas que ainda não iniciaram a migração precisam encarar o projeto como prioridade estratégica, mobilizando recursos e definindo um roteiro claro. Com planejamento e governança adequados, é possível executar a transição de forma bem-sucedida.

O primeiro passo é montar uma estrutura de projeto robusta, com patrocinadores no alto escalão e envolvimento multidisciplinar, unindo TI e áreas de negócio. A experiência demonstra que migrações de ERP não são apenas um assunto de tecnologia, mas afetam processos corporativos e pessoas, exigindo gestão de mudança e alinhamento organizacional.

A importância da governança de dados

Migrar com segurança e eficiência exige estrutura, disciplina e alinhamento organizacional. Estabelecer um PMO dedicado, com papéis bem definidos, cronograma realista e indicadores de sucesso claros, permite antecipar riscos e manter todos os envolvidos em sintonia com os objetivos do projeto.

Além disso, é essencial preparar os dados que alimentarão o novo sistema. A etapa de limpeza e organização deve envolver as áreas de negócio desde o início, criando uma base confiável para a migração e evitando ruídos que comprometam os resultados.

Outro fator decisivo é a gestão da mudança, transformando rotinas, fluxos e formas de trabalhar. Por isso, colocar as pessoas no centro da jornada é determinante: comunicação clara, treinamentos adequados e preparação dos usuários fazem toda a diferença.

Em empresas que já migraram, a migração só atinge seu potencial quando acompanhada de investimento real em cultura, capacitação e engajamento. Sem isso, qualquer tecnologia perde força na prática.

Próximos passos

O prazo final de suporte em 2027 se aproxima, e os riscos de adiar a migração são altos demais. Os próximos dois anos serão decisivos, e cada mês conta nessa preparação.

Portanto, não deixe para o último momento aquilo que pode ser feito agora. A segurança e a continuidade das operações do seu negócio dependem dessa decisão proativa.

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