A adoção acelerada de ferramentas de inteligência artificial generativa (IA Gen) nas agências e negócios digitais abriu caminho para automação, produtividade e criatividade. No entanto, esse avanço traz à tona uma consequência urgente: o risco crescente à privacidade e à segurança de dados de clientes e usuários. Um levantamento recente aponta que modelos de IA podem expor dados sensíveis e viabilizar vazamentos, deepfakes e uso indevido de informações pessoais, problema que especialistas alertam como ameaça real à confiança digital.
A armadilha da IA Gen
Robson V. Leite, fundador da Agência de Valor e mentor de dezenas de agências digitais, possui ampla experiência em estruturação de operações e na adoção consciente de tecnologias. Ele se posiciona como voz ativa sobre como as agências devem integrar a IA sem negligenciar governança, ética e proteção de dados.
O principal alerta é que a IA Gen, quando aplicada sem cuidado, pode se tornar uma armadilha. Grandes volumes de dados de clientes, histórico de conversas, briefings, informações sensíveis, muitas vezes são inseridos em ferramentas automáticas sem anonimização ou consentimento claro. Como resultado, a agência corre o risco de violar leis de proteção de dados, comprometer a confiança de clientes e expor-se a responsabilidades legais e reputacionais. Para o mentor, “usar IA não justifica ignorar privacidade. Automatizar não significa abrir mão da segurança de dados”.
Riscos técnicos e vulnerabilidades
Além disso, os modelos de IA retendo lógica de memória podem involuntariamente “memorizar” trechos sensíveis e expô-los em saídas de texto, imagem ou áudio. Esse risco técnico foi evidenciado em estudos recentes como um dos principais desafios da IA generativa. A negligência frente a esses riscos transforma a inovação em vulnerabilidade, especialmente quando agências lidam com inúmeras contas de clientes, dados de leads, informações de segmentação e materiais protegidos por direitos autorais.
Governança e compliance
Outra preocupação crescente é a governança e o compliance. Com a evolução da regulação em diversas jurisdições, como na União Europeia, que avança com frameworks de IA, e no Brasil via discussão sobre privacidade de dados e uso de IA, empresas que não se antecipam podem enfrentar sanções, perder contratos ou sofrer impacto na imagem pública.
Robson V. Leite conclui dizendo que, “a agência que quiser escalar com IA deverá agir hoje como guardiã dos dados, com processos claros, auditoria e responsabilidade garantida”.
Em consequência, o uso consciente da IA passa a exigir governança interna. Isso significa definir políticas de uso, garantir consentimento explícito, anonimização de dados sensíveis, auditoria contínua e transparência com clientes e usuários. Agências e produtores digitais devem tratar a IA como ferramenta poderosa, mas não isenta de responsabilidade.
Ética e responsabilidade
No fim das contas, o futuro do marketing e da produção digital não é realmente sobre quem usa a IA mais rápido, e sim sobre quem a usa com ética, responsabilidade e consciência. O diferencial estará na agência que combinar tecnologia e proteção, eficiência e confiança. Quem negligenciar essa equação poderá obter resultados imediatos — porém arriscados para o longo prazo.






