Uma pesquisa da Bain & Company aponta que 74% dos executivos brasileiros acreditam que a Inteligência Artificial (IA) terá um impacto positivo na sustentabilidade. No entanto, o Brasil ainda enfrenta desafios na execução de iniciativas e na maturidade do uso da IA para fins sustentáveis.
Cenário brasileiro: otimismo com ressalvas
O relatório global “The Visionary CEO’s Guide to Sustainability”, da Bain & Company, revela que apenas 10% das empresas brasileiras se consideram maduras no uso de IA para fins sustentáveis. Esse índice é inferior ao registrado nos EUA (21%) e na Índia (22%).
O estudo, que entrevistou mais de 35 mil CEOs, destaca que a sustentabilidade se tornou um valor estratégico para os negócios. Apesar disso, 32% dos líderes brasileiros veem alto risco no uso da IA para esse fim, um número acima da média global.
Oportunidades e desafios na aplicação da IA
Daniela Carbinato, sócia da Bain, destaca a urgência das empresas brasileiras em amadurecer suas iniciativas de IA de forma responsável, unindo competitividade e impacto socioambiental. “As multinacionais estão criando pilotos interessantes, mas o desafio de escala ainda é grande. É aí que o capital público, filantrópico e bancário pode ajudar a equilibrar essa equação”, comenta.
A pesquisa também revela que 40% dos executivos brasileiros consideram o papel da IA na sustentabilidade como muito significativo, enquanto 54% veem uma contribuição moderada. Em comparação, nos Estados Unidos, 69% classificam a importância da tecnologia como muito relevante.
Maturidade e Efetividade das Iniciativas
Apesar da percepção positiva, o nível de maturidade no uso da IA para sustentabilidade ainda é um desafio. Além disso, a avaliação sobre a efetividade das iniciativas também revela cautela, com apenas 12% dos brasileiros acreditando que suas iniciativas são muito eficazes, enquanto 62% as classificam como moderadamente eficazes.
Riscos percebidos e posicionamento das empresas
Quando se trata de riscos, 32% dos executivos no país avaliam que o uso de IA traz alto risco para a sustentabilidade, acima da média global de 21%. Além disso, a pesquisa comparou o desempenho entre países e setores, dividindo as empresas em líderes, seguidores e retardatários. No Brasil, 30% das empresas são classificadas como retardatárias, 62% como seguidores e apenas 8% como líderes. Em contrapartida, na Índia, quase metade das companhias (46%) se destacam como líderes.
Essa diferença reforça a urgência das empresas brasileiras amadurecerem iniciativas e a oportunidade de avançarem de forma responsável, unindo competitividade e impacto socioambiental.
— Daniela Carbinato, sócia da Bain & Company
Prioridades de Investimento
O levantamento também investigou os critérios que guiam as decisões de investimento. No Brasil, a eficiência operacional aparece como principal prioridade, seguida pelo impacto em sustentabilidade e pelo retorno financeiro. Já nos Estados Unidos e na Índia, a sustentabilidade lidera a lista de fatores determinantes.
Apesar dos desafios, o movimento de expansão da IA nas empresas brasileiras sugere que a ferramenta ganhará espaço como elemento estratégico para unir competitividade e impacto socioambiental.






