As negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre ajustes tarifários ganham força, reacendendo o interesse de empresas brasileiras que visam o mercado americano em 2026. Dados da OCDE e do SelectUSA indicam um crescimento contínuo do investimento brasileiro nos EUA, impulsionado por pequenas e médias empresas.
Impacto da flexibilização tarifária
A flexibilização tarifária pode influenciar diversos aspectos, desde custos logísticos até a estrutura tributária estadual, modelos societários e competitividade. Desse modo, a geração de receita em dólar exige um planejamento técnico e decisões antecipadas já em 2025.
Relatórios recentes da OCDE mostram que Estados Unidos, Brasil e Reino Unido lideraram o fluxo global de investimento estrangeiro direto no primeiro semestre de 2025, consolidando o peso norte-americano no cenário internacional de negócios. No recorte bilateral, dados do SelectUSA registram um estoque aproximado de 31,8 bilhões de dólares em investimentos brasileiros nos Estados Unidos em 2023, volume impulsionado sobretudo por pequenas e médias empresas.
Planejamento técnico é essencial
Para Fernanda Spanner, International Business Advisor e CEO da Spanner Consulting Group, o tema exige planejamento técnico e visão preventiva. Fernanda possui mais de duas décadas de experiência em contabilidade internacional e planejamento tributário, lidera cinco escritórios nos Estados Unidos e possui credencial de Enrolled Agent licenciada pelo Internal Revenue Service, que permite atuação fiscal federal em todo o território americano.
A expectativa de flexibilização tarifária reacende discussões sobre custos operacionais, formação de preços, competitividade e modelos societários adequados para empresas brasileiras que exportam, prestam serviços transnacionais ou pretendem abrir unidades no exterior.
— Fernanda Spanner, International Business Advisor e CEO da Spanner Consulting Group
Segundo a especialista, eventuais mudanças tarifárias podem influenciar tanto as margens quanto a forma de estruturar empresas e operar internacionalmente. Ela afirma que a redução de tarifas não se limita ao impacto imediato no preço final, pois afeta a cadeia de custos, a necessidade de revisar contratos internacionais e a escolha da melhor estrutura jurídica diante das diferenças regulatórias entre os estados americanos.
Oportunidades e desafios para pequenas empresas
Levantamentos do Census Bureau e da Small Business Administration mostram que os Estados Unidos contam com cerca de 33,3 milhões de pequenos negócios, que representam praticamente a totalidade das empresas do país e empregam parcela significativa da força de trabalho formal. O ambiente competitivo e a presença crescente de empresas estrangeiras exigem que negócios brasileiros considerem não apenas tributação, mas também seguros obrigatórios, regras de licenciamento, exigências de compliance e adequação documental.
Os setores mais sensíveis às tarifas incluem tecnologia, manufatura especializada, alimentos premium, cosméticos e serviços profissionais que participam de cadeias globais de valor. Nos cenários analisados por especialistas, alterações tarifárias podem aumentar a viabilidade de produtos brasileiros nos Estados Unidos, mas também reforçam a necessidade de simular impactos fiscais federais e estaduais, revisar a estrutura societária e avaliar riscos jurídicos antes da expansão.
Recomendações para internacionalização em 2026
Para empresas que planejam internacionalizar em 2026, o conjunto de recomendações inclui iniciar ainda em 2025 um diagnóstico detalhado das operações, exportações, estrutura de custos e exposição cambial, além de revisar modelos contratuais e mapear exigências específicas do setor e do estado americano de interesse. A partir dessas informações, é possível construir projeções mais sólidas de investimento, margens e viabilidade.
Na avaliação de Fernanda, as oportunidades tendem a beneficiar negócios que chegam ao mercado americano com governança e planejamento tributário organizados. Ela afirma que gerar receita em dólar amplia a escala e a previsibilidade financeira, mas depende de uma preparação técnica consistente. Para a especialista, um eventual ambiente tarifário mais favorável não substitui a necessidade de planejamento antecipado, e 2026 tende a ser mais positivo para empresas que iniciarem a reorganização estrutural ainda em 2025.






