O avanço da inteligência artificial (IA) impulsiona uma nova geração de empreendedores. Mas também traz desafios que vão além da inovação técnica. As decisões tomadas hoje impactam pessoas, relações e o futuro coletivo. É a partir desse ponto que a escritora e engenheira Flavia de Assis e Souza propõe uma reflexão sobre empreendedorismo, propósito e responsabilidade.
Com formação em Engenharia e especializações em Marketing, Qualidade e Comércio Exterior, Flavia dialoga com temas centrais do ecossistema de startups. Entre eles, o uso ético da IA, as escolhas estratégicas e o choque entre gerações que pensam o progresso de formas distintas. Sua obra de ficção, “Quatorze: Gerações Conectadas”, funciona como ponto de partida para discutir como jovens empreendedores podem alinhar tecnologia, impacto social e consciência humana em um cenário cada vez mais automatizado.
A trama de “Quatorze: Gerações Conectadas”
A trajetória de Mark, jovem empreendedor entre os Estados Unidos e o Brasil, é marcada pelo legado do avô. O pesquisador do Vale do Silício dedicou-se a explorar os limites entre inovação, sensibilidade humana e propósito. Em meio a conflitos internos, ele busca honrar essa herança, criando iniciativas que integram tecnologia, bem-estar e impacto positivo.
Ao absorver a genialidade do avô, o protagonista caminha por um mundo em constante mudança. Cada avanço tecnológico desperta novas perguntas e convoca reinvenções. No arco que vai de 1948 a 2048, mistérios, descobertas e decisões se cruzam. A trama investiga o delicado equilíbrio entre a inteligência artificial e a psique humana. Essa linha temporal é costurada por uma enigmática mensagem em uma garrafa que percorre os oceanos por décadas, conectando pessoas de lugares distintos. Desse encontro, ora harmônico, ora tenso, emergem forças que impulsionam o futuro e remodelam as relações.
IA como ponto de encontro entre gerações
A partir desse contexto em que tecnologia, memória afetiva e destino se entrelaçam, a IA surge como colisão e ponto de encontro entre gerações. A obra revela novas formas de compreender o tempo. Assim, a grande provocação é sobre como conciliar avanços digitais com propósito de vida, valores éticos, diversidade, respeito, simplicidade e responsabilidade individual e coletiva. Tudo isso, para além do empreendedorismo e do progresso material.
Segundo a autora, o livro questiona o impacto da tecnologia no comportamento humano:
O mundo disponível na palma da mão para despertar e exercitar as sensações, emoções e atitudes variadas trouxe uma apatia coletiva àquela geração. Não se podia mirar o contexto como uma involução humana, pois as fronteiras do desconhecido ficaram pequenas com os adventos tecnológicos disponíveis. Sob uma inteligência artificial avassaladora com tantos impactos positivos na vida individual e coletiva, seria injusto projetar a insatisfação da pequeneza de uma dimensão a todas as outras.
— Flavia de Assis e Souza, autora de “Quatorze: Gerações Conectadas”
Formato de série para uma leitura imersiva
Com uma linguagem sensível e dinâmica, Flavia de Assis e Souza estrutura a trama em três temporadas que evocam a sensação de acompanhar uma série. A primeira inicia no futuro e retorna ao passado para revelar a origem do avô e os alicerces da família. A segunda apresenta a formação de Mark, suas iniciativas e desafios que definem caminhos. Por fim, a terceira reúne as principais reflexões que expandem a visão do protagonista sobre o tempo e as escolhas. Para a autora, essa construção rompe fronteiras do gênero, ao incorporar elementos de produções de streaming, criando uma leitura imersiva e de ritmo envolvente.
A simbologia do silício
Com base em pesquisas sobre o Vale do Silício, a autora evidencia a potência do empreendedorismo. Nesse cenário, o silício — elemento químico de número atômico quatorze, inspiração para o título da obra — assume papel simbólico. Ele é a base que viabilizou a revolução digital e originou o nome da região. Conectando-o ao progresso que movimenta startups e novos modelos de negócio, o livro transforma esse componente em metáfora do avanço tecnológico e do impulso criativo que atravessa gerações.






