IA no currículo: como usar a inteligência artificial a seu favor?

Mulher analisando currículo com ícones de IA

Imagem meramente ilustrativa.

Têm se tornado cada vez mais comuns os pedidos inusitados para o ChatGPT, como: “Chat qual é a minha missão?”, “Chat, como você resume a minha vida?”, ou até mesmo “Chat, quem sou eu?”. Essa ferramenta, que interpreta e sintetiza informações pessoais, também tem sido usada por profissionais em busca de emprego. No entanto, o que poucas pessoas sabem é que, em vez de ajudar, esse recurso pode prejudicar a candidatura, caso não seja usado da forma correta.

O Crescente Uso da IA na Elaboração de Currículos

De acordo com um estudo produzido pela Fast Company, 62% dos candidatos a vagas nos Estados Unidos afirmam usar inteligência artificial para redigir currículos, cartas de apresentação ou amostras de texto. Esse é um salto expressivo em relação aos 32% registrados no semestre anterior ao levantamento.

“A inteligência artificial pode ser uma aliada poderosa na construção de um currículo, mas precisa ser usada com estratégia. O grande erro é entregar tudo nas mãos da máquina e perder a essência humana que faz a diferença no processo seletivo”, explica o CEO Advisor, especialista em tecnologia e carreira e autor do livro “Smart Skills: Descubra seus pontos fortes para uma carreira produtiva e feliz”, Antonio Muniz.

Muniz alerta que, embora a IA possa acelerar o processo de criação de currículos, ela também pode gerar conteúdo genérico e despersonalizado. “Recrutadores experientes conseguem identificar facilmente um currículo gerado integralmente por IA. São documentos que carecem de personalidade, contexto específico e aqueles detalhes únicos que realmente demonstram o valor de um profissional”, complementa Antonio. Nesse contexto, encontrar o equilíbrio entre tecnologia e autenticidade é fundamental.

A Importância da Autenticidade na Era da Inteligência Artificial

Nesse cenário, o segredo está em enxergar a inteligência artificial como uma ferramenta de apoio, e não como substituta da experiência pessoal. A tecnologia pode ajudar a organizar informações, sugerir palavras-chave e até revisar a escrita, mas cabe ao candidato garantir que sua trajetória profissional esteja representada de forma verdadeira e única.

“Só quem viveu a sua vida e possui suas experiências é você. Por isso, é muito importante que a pessoa que é candidata mude o que a IA cria. Ela deve colocar resultados reais e suas próprias vitórias, de acordo com o que realmente aconteceu na sua vida. Um currículo de impacto não é apenas bem escrito: ele precisa transmitir identidade, autenticidade e o diferencial competitivo de quem está se apresentando”, destaca Muniz.

Com a popularização da IA nos processos seletivos, os próprios recrutadores também têm ajustado suas expectativas. “Muitos já utilizam sistemas automatizados para filtrar currículos, mas valorizam ainda mais aqueles que, além de bem estruturados, carregam a voz e a personalidade do profissional”, acrescenta o especialista.

Dicas para usar a IA sem perder sua identidade

Para ajudar quem deseja equilibrar o uso da tecnologia com a própria autenticidade, o especialista aponta caminhos práticos. Veja a seguir:

1. Otimização de palavras-chave para ATS (Applicant Tracking Systems)

Como usar: Analise a descrição da vaga e peça para a IA identificar palavras-chave relevantes para incluir no seu currículo.

Erro a evitar: Simplesmente copiar e colar palavras sem contexto real na sua experiência. “Pense sempre o seguinte: ‘essa palavra faz sentido com o que eu busco ou com a experiência profissional que eu tenho?’, e só utilize se couber no contexto”, completa Muniz.

2. Melhoria da estrutura e formatação

Como usar: Solicite sugestões de organização das informações e layouts mais profissionais. Selecione cores que te representam ou representam a sua área de atuação. Além disso, hoje, algumas empresas além de receber o currículo, pedem o portfólio e um vídeo de apresentação do candidato(a). O ideal é deixar esses links disponibilizados no PDF do currículo.

Erro a evitar: Usar templates genéricos do Canva que não destacam suas qualidades únicas.

3. Refinamento da linguagem e gramática

Como usar: Use a IA para revisar textos e tornar a linguagem mais clara e impactante.

Erro a evitar: Deixar a IA reescrever completamente suas experiências, perdendo sua “voz”.

4. Criação de resumos profissionais personalizados

Como usar: Forneça suas informações e peça para a IA criar diferentes versões de resumo para diferentes tipos de vaga. Porém, evite disponibilizar para as ferramentas informações pessoais, como número de documentos, endereço, entre outros. Prefira inserir estas informações manualmente, no documento final.

Erro a evitar: Usar o mesmo resumo genérico para todas as posições.

5. Tradução e adaptação para vagas internacionais

Como usar: Utilize a IA para traduzir e adaptar seu currículo para diferentes mercados e culturas.

Erro a evitar: Fazer traduções literais sem considerar diferenças culturais no mercado de trabalho ou citar idiomas que você não está familiarizado.

6. Quantificação de resultados e conquistas

Como usar: Peça ajuda para transformar descrições vagas sobre marcos e conquistas da carreira em dados quantificáveis e impactantes.

Erro a evitar: Inventar números ou exagerar em métricas que você não pode comprovar.

7. Identificação de gaps e sugestões de melhorias

Como usar: Solicite à IA uma análise crítica do seu currículo e sugestões de pontos a desenvolver.

Erro a evitar: Seguir cegamente todas as sugestões sem avaliar sua aplicabilidade à sua realidade. Verifique o que faz sentido e, só então, aplique as alterações necessárias.

8. Preparação de diferentes versões para diferentes áreas

Como usar: A IA pode ser uma excelente ferramenta para auxiliar na criação de versões específicas do currículo, enfatizando competências relevantes para cada setor e cada tipo de vaga.

Erro a evitar: Criar versões completamente diferentes que não refletem sua trajetória real. Apesar de auxiliar na adaptação para cada segmento, o currículo deve permanecer conectado à sua real experiência.

“O futuro do recrutamento pede por profissionais que dominem a inteligência artificial como ferramenta de apoio, mas saibam preservar sua autenticidade e construir um storytelling pessoal consistente, alcançando desta forma uma vantagem competitiva significativa. A tecnologia pode abrir portas, mas é a narrativa única de cada candidato que convence e gera conexões reais”, finaliza Antonio Muniz.


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