Residência médica e saúde mental: o peso da preparação

Estudante de medicina exausto com livros sobre a mesa

Imagem meramente ilustrativa.

Em meio à intensa pressão por desempenho acadêmico e curricular, a saúde mental dos estudantes de medicina que se preparam para a residência merece atenção prioritária. Segundo o estudo “Qualidade de Vida dos Médicos”, do Research Center da Afya (2024), 62% dos médicos relatam já ter vivido episódios de burnout ao longo da carreira, 47% apresentaram transtornos de ansiedade e 46% tiveram sinais de depressão. Esses dados revelam uma sobrecarga emocional significativa, cenário que se agrava especialmente na reta final da graduação.

O impacto da autocobrança na saúde mental

A médica e especialista em preparação para residência, Dra. Clara Aragão, observa esse contexto com sensibilidade e experiência. Ela explica que muitos candidatos se cobram demais:

O estudante sente que precisa ter nota alta, currículo impecável, produções acadêmicas, ótimo desempenho clínico. É uma carga mental enorme, que pode levar ao esgotamento.

— Clara Aragão, médica e especialista em preparação para residência

Clara ressalta que essa sobrecarga não aparece na assinatura dos atestados, mas compromete profundamente o rendimento e o bem-estar.

Competição invisível e a importância do suporte emocional

Um agravante frequente é o silêncio que cerca a angústia.

Muitos guardam para si uma ansiedade ou insegurança, por medo de parecerem incapazes. Isso cria uma competição invisível em que ninguém admite estar mal, mas muitos estão prestes a ceder.

— Clara Aragão, médica e especialista em preparação para residência

Ela defende que reconhecer essa fragilidade não é fraqueza, mas maturidade. Buscar suporte emocional deve ser visto como estratégia de sucesso, não falha pessoal.

Autocuidado como ferramenta de preparo

Para equilibrar a preparação, Clara propõe um novo paradigma:

Incluir autocuidado na rotina, com pausas intencionais, sono adequado, atividades físicas e apoio psicológico, fortalece mais do que o estudo em jejum. Um médico inteiro performa melhor do que um exaurido.

— Clara Aragão, médica e especialista em preparação para residência

Ela destaca que o preparo sustentável costuma resultar em desempenho mais consistente e duradouro.

A necessidade de repensar os critérios de seleção

Além disso, Clara também chama a atenção para a estrutura dos processos seletivos.

Se o sistema valoriza apenas resistência e resultados acadêmicos, está selecionando perfis exaustos, não necessariamente melhores médicos. Precisamos incorporar resiliência, comunicação, empatia e equilíbrio emocional como critérios válidos de avaliação.

— Clara Aragão, médica e especialista em preparação para residência

Com base na sua trajetória auxiliando vários alunos, Clara conclui:

Um currículo excelente é aquele que reflete uma trajetória íntegra. Não adianta conquistas acadêmicas brilhantes se o estudante está emocionalmente fragilizado. Precisamos formar médicos resilientes, saudáveis e preparados para os desafios, e não sobreviventes de um burnout.

— Clara Aragão, médica e especialista em preparação para residência


Por favor, nos ajude avaliando esse artigo!

Comentários

Deixe um comentário